sábado, 3 de novembro de 2012

Ferreira Leite defende uma “refundação profunda” da política em Portugal Ferreira Leite defende uma “refundação profunda” da política em Portugal (João Henriques)
Uma política orçamental que aniquila a classe média representa um “sério” perigo para a democracia, porque só uma classe média forte sustenta uma democracia sólida, considera Manuela Ferreira Leite.
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Para a antiga líder do PSD, que falava este sábado num ciclo de conferências em Coimbra, uma política que siga neste sentido não resolve “o problema das contas” e “aniquila as pessoas”.

“Se se acha que [o sacrifício] não tem limites, se se acha que [os portugueses] aguentam tudo... Aguentam tudo, mas rebentam [o Governo] com a classe média”, observou, sustentando que “rebentar com a classe média” representa “um perigo sério para a democracia”. E acrescentou: “Nunca vi nenhum país crescer sem ser com base na classe média”.

“A nossa estrutura social é de uma classe média forte, em que os que têm poucos rendimentos não pagam impostos, os que têm altos rendimentos pagam impostos, mas, infelizmente para nós, são poucos”, disse, em declarações citadas pela TSF.

A antiga líder do PSD, que tem sido muito crítica da política de consolidação orçamental levada a cabo pelo governo liderado pelo seu partido, disse ainda que existe em Portugal um processo de degradação política que tem “verdadeira tradução” no desprestígio da classe política.

Intervindo no ciclo de conferências políticas A Democracia e o Futuro, que contou também com a participação do ex-Presidente da Assembleia da República Mota Amaral e dos professores universitários Diogo Pires Aurélio e Amadeu Carvalho Homem, defendeu uma “refundação profunda” da política que se faz em Portugal

“Se não houver uma alteração profunda de todo este processo de degradação política, efectivamente podemos continuar a dizer que se está em democracia, mas, na prática, não é uma democracia”, frisou.

Manuela Ferreira Leite lembrou ainda declarações suas de 2008, quando, enquanto líder do PSD, defendeu a suspensão da democracia por seis meses para “pôr tudo na ordem”. “Quando falei nisso, e não nego que falei, era mostrar o perigo que existe quando tentamos afrontar interesses sem que eles participem nessa decisão e haja uma decisão colectiva nesse sentido”.

A antiga ministra das Finanças frisou que no actual momento de crise, “esse perigo poderá estar mais acentuado”, aludindo a um conjunto de decisões que são contrárias à equidade, à justiça, à igualdade e à vontade expressa das populações na escolha dessas decisões”.

ENTÃO SENHOR PR PORQUE ESPERA?

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