sábado, 10 de agosto de 2013

Governo de cabeça perdida com o caso Pais Jorge


10 de Agosto, 2013por David Dinis
Quando saiu a notícia da Visão que expôs Pais Jorge aos olhos do país, ninguém fora das Finanças sabia o que estava prestes a rebentar. O núcleo duro ficou surpreendido com a notícia. E alarmado com o que isso implicaria para a própria ministra das Finanças.Passos falou nesse dia com Maria Luís Albuquerque, a meio do longo Conselho de Ministros que discutiu o Orçamento. Poiares Maduro ficou de coordenar uma equipa que iria averiguar que condições havia para o secretário de Estado ficar em funções.
Nessa quinta-feira, essa equipa – com Pedro Lomba à cabeça – preparou um longo questionário com as dúvidas que Pais Jorge teria que esclarecer. Chamado à Presidência do Conselho de Ministros (PCM), o secretário de Estado levava um comunicado que tinha preparado para emitir. De tão vago, foi logo ‘vetado’ na coordenação. Depois, numa sala do oitavo andar do edifício do Governo, juntaram-se todos a testar o homem da polémica. A vários pontos do questionário, Pais Jorge respondia não se lembrar dos factos. Várias vezes lhe foi feita a sugestão que procurasse informar-se – quer das datas das alegadas reuniões com os assessores de Sócrates, quer da proposta que o Citigroup teria feito.
Ao fim de quatro horas, Pais Jorge saiu da PCM. Voltaria bem cedo na manhã seguinte, depois de duas horas em testes, com algumas respostas. Aconselhado nas Finanças a manter-se em silêncio, o núcleo político achou que havia garantias mínimas para que fosse ao briefing. Depois, foi o desastre.
Nesse dia, Pais Jorge receberia uma mensagem de Vítor Escária, ex-assessor de Sócrates com quem teria estado em 2005, dizendo-lhe que, sim, eles tinham tido aquela reunião. Os dois são amigos, os respectivos filhos foram colegas na mesma escola.
Na segunda-feira, de volta às Finanças, Pais Jorge já dizia lembrar-se de ter ido a S. Bento – mas não do contrato. Acabaria por dizê-lo por escrito à SIC, que tinha uma peça arrasadora com as datas das reuniões.
Com Maria Luís Albuquerque a segurá-lo até ao fim, mas com quase todos os gabinetes (CDS incluído) a achar a situação insustentável, chegam às suas mãos os documentos que o levam à suspeita de uma manipulação. Pedro Lomba tentou abrir espaço, mas a expressão “inconsistências problemáticas” leva quase todos os jornalistas a perceber que o alvo era Pais Jorge. Não era e, na PCM, todos se espantam.
Na quarta-feira, depois de libertadas as duas versões do documento, muitos são apanhados de surpresa com a demissão. Mas é a ‘maldição’ dos briefings – e a expectativa de novos ataques a Maria Luís Albuquerque – que deixam o Governo mais preocupado.

SERÁ QUE SE AGUENTAE ATÉ AO OE?
O POVO É QUE VAI PAGAR ESTA AVENTURA.

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