quinta-feira, 5 de setembro de 2013



BRICS apoiam exigência da Índia sobre a política monetária americana

Numa reunião prévia à cimeira do G20, o grupo apoiou as preocupações do primeiro-ministro Manmohan Singh sobre os efeitos negativos da decisão anunciada em maio por Ben Bernanke, presidente da Reserva Federal dos EUA.
Jorge Nascimento Rodrigues
"Os líderes dos BRICS reiteram as suas preocupações sobre os efeitos negativos inesperados das políticas monetárias não convencionais de algumas economias desenvolvidas", diz o comunicado publicado após a reunião dos cinco países membros do grupo - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, que antecedeu a cimeira do G20 que decorre em São Petersburgo, na Rússia.
O comunicado dos BRICS refere-se indiretamente ao anúncio da alteração da política da Reserva Federal norte-americana feito por Ben Bernanke, o seu presidente, em maio, que provocou pesados danos nas bolsas das economias emergentes, acelerou a valorização dessas moedas e fez disparar as yields das obrigações desses países, com particular destaque para os "cinco mais frágeis" - Índia, Indonésia, Brasil, África do Sul e Turquia.
Os BRICS apoiam, por isso, a decisão do primeiro-ministro indiano Manmohan Singh de levar o assunto a esta cimeira do G20. Singh havia dito, antes da sua partida para a Rússia, que "vou enfatizar em São Petersburgo a necessidade de uma saída ordenada no caso das políticas monetárias não convencionais seguidas no mundo desenvolvido nos últimos anos, de forma a não danificar as perspetivas de crescimento do mundo em desenvolvimento". Os indianos pretendem uma solução "sistémica" face ao contágio negativo da alteração na política monetária norte-americana, anunciada para ser iniciada ainda este ano.
Os BRICS anunciaram, ainda, que está em bom andamento a criação do Novo Banco de Desenvolvimento que terá um capital inicial de 50 mil milhões de dólares subscrito pelos cinco BRICS, mas que poderá ter a participação de organizações internacionais e de outros países.
O comunicado da reunião refere que os BRICS vão avançar com um Fundo de Reserva de contingência de 100 mil milhões de dólares, em que as participações dos cinco membros são as seguintes: 41 mil milhões por parte da China, 5 mil milhões por parte da África do Sul e 18 mil milhões por cada um dos restantes três.
Os BRICS criticaram uma vez mais o "adiamento das reformas (internas) do Fundo Monetário Internacional".
Anunciaram, ainda, que o grupo passará a ter um secretariado virtual para uma melhor coordenação dos assuntos globais.

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