quarta-feira, 4 de setembro de 2013



O perfeito juízo do dr. Passos. E o meu.

Nicolau Santos
Em mais uma intervenção estival, o dr. Passos disse perante uma pequeno agrupamento de populares pouco entusiasta que ninguém no seu perfeito juízo, quer esteja à frente do Governo ou duma autarquia, trabalha para fazer empobrecer as suas comunidades.
Eu tive de bater três vezes com a mão no televisor, porque a instalação elétrica da casa onde vivo não é grande coisa e às vezes o sinal desaparece ou chega aos soluços, com o som também a ressentir-se.
Mas depois ouvi a repetição e o dr. Passos insistiu: ninguém no seu perfeito juízo, à frente do Governo ou duma autarquia, trabalha para fazer empobrecer as suas comunidades. 
Desta vez, agarrei-me ao telefone e marquei rapidamente uma consulta, que no entanto não ocorrerá antes de 2014, para saber do meu estado de sanidade mental.
É que na verdade, eu lembro-te de ter ouvido muito claramente o primeiro-ministro dizer no início deste ajustamento, há cerca de dois anos, que o país não sairia da crise a não ser empobrecendo. Que tínhamos gasto mais do que devíamos. Que nos tínhamos endividado à grande e à francesa para viver acima das nossas possibidades.  E repetiu a ideia algumas vezes, o que me levou a perguntar se este era o programa político que o dr. Passos tinha para motivar os portugueses. empobrecer.
Ora afinal o dr. Passos diz agora que não disse o que eu ouvi. E que ninguém no seu perfeito juízo diria tal coisa. Como o dr. Passos não mente, isto reconduz-nos a duas hipóteses: ou o dr. Passos não está no seu perfeito juízo, o que é impossível, tratando-se do homem do leme, do primeiro-ministro que conduz o país no meio da porcela que atravessamos; ou eu não estou no meu perfeito juízo, o que é altamente provável.
Aliás, chegaram agora aqui dois senhores de bata branca que trazem uma daquelas camisas que apertam atrás. Queres ver que é para mim? 

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