quinta-feira, 5 de setembro de 2013

PSD acredita que a crise no governo fez o país "reatar" laços com Passos Coelho e já no próximo ano dá tiro de partida para legislativas
Antes mesmo das eleições autárquicas, o PSD já está a pensar nas eleições legislativas de 2015. Os sociais-democratas até têm como objectivo para 29 de Setembro conseguir mais uma câmara que o PS (para conseguirem presidir à Associação Nacional de Municípios), mas não querem fazer leituras nacionais desse resultado. O objectivo a partir do fim do mês é preparar uma reeleição de Pedro Passos Coelho.
A estratégia foi dada a conhecer ontem pelo porta-voz do partido e coordenador político, Marco António Costa, que admite que foi para o partido "relançar o PSD pós-autárquicas" para ter uma "agenda mais externa". A segunda parte do mandato do governo começa agora a ser preparada também no partido num momento em que, acredita Marco António, os portugueses já fizeram as pazes com Passos Coelho. É que o primeiro-ministro "teve um desgaste de imagem muito forte, mas a forma como geriu a crise interna granjeou-lhe um reatar dos laços com o país".
Depois de mais de dois anos em que o PSD esteve mais apagado, à sombra do governo, o partido quer aproveitar o pós--troika para preparar o programa para as legislativas de 2015. Para isso vai criar um ciclo de conferências com a sociedade civil intituladas "Portugal no rumo certo", que vai começar no Verão do próximo ano e vão alargar-se até 2015.
Mas até lá o calendário eleitoral e do país aperta e dificulta, por exemplo, conversas com outros partidos: eleições autárquicas no final do mês; congresso do partido em Março; eleições europeias em Maio; e fim do programa de assistência financeira em Junho.
E se a conversa já é difícil, não ficou melhor depois de ontem. É que António José Seguro e Marco António responderam um ao outro e a crispação deverá continuar por largos meses, podendo apenas ser interrompida para assuntos específicos. Quais? As hipóteses para uma conversa tripartida (com o CDS incluído) não são muitas - reforma do IRC ou programa de relançamento da economia - e de fora fica o Orçamento do Estado para 2014.
Para o social-democrata basta o PS querer, até porque sente que os sociais-democratas ficam "sozinhos a pregar no deserto" quando apelam à convergência porque há uma indisponibilidade dos socialistas para o consenso. Mas para o PS a desconfiança é a palavra de ordem.
António José Seguro lançou ontem a ideia de que "vêm aí mais cortes", que "estão a ser feitos às escondidas" para serem "executados depois das eleições autárquicas". A acusação já tinha sido antes feita pelo secretário nacional do partido, Eurico Brilhante, que acusou o primeiro-ministro de esconder deliberadamente as opções para o próximo ano. A acusação dos socialistas não caiu bem junto do PSD. Marco António tem-se desdobrado nas respostas aos socialistas durante o Verão e ontem, num encontro com jornalistas, fez questão de responder a Seguro. Disse que "não há medidas escondidas na manga" e que as acusações são "uma falsidade".
O porquê do clima de crispação mesmo durante o Verão, em que poucos assuntos têm pedido a atenção política, prende-se sobretudo com a proximidade das eleições. É pelo menos essa a leitura do coordenador do PSD, que acusou os socialistas de lançarem "desinformação na opinião pública, provocarem o medo nos cidadãos e, com isso, quererem colher benefícios nas eleições".
E no bate-boca entre os dois, Seguro voltou a falar mais tarde para reafirmar as suspeitas de que Passos Coelho vai lançar medidas depois das eleições: "Os portugueses já estão habituados a que o primeiro-ministro e o PSD digam uma coisa antes de eleições e façam outra após as eleições."
Com esta relação partida entre os dois, Marco António acredita no entanto que pode haver um entendimento com os socialistas mais tarde. Com o final do programa de ajustamento e o regresso aos mercados marcados para o ano, o coordenador do PSD até acredita que "há tempo" se houver vontade da parte dos socialistas de se juntarem ao governo por ser "importante para o país". Já foi defendida, por exemplo, uma espécie de carta de conforto do PS a comprometer-se com o plano cautelar pós-troika. A última tentativa de o fazer - antes do Verão e com o patrocínio do Presidente - saiu gorada. Mas por agora não se fala em expectativas, fala-se em eleições.

COM ESTE POLITICO DE AVIÁRIO A PALHAÇADA VAI MANTER-SE POR MUITO TEMPO.
COM O POVO ADORMECIDO E COM MEDO TUDO É POSSÍVEL.
A OPOSIÇÃO VAI-SE ENTRETENDO A SEGUIR A AGENDA DA DIREITA E DA
  COMUNICAÇÃO SOCIAL.
CADA POVO TEM O GOVERNO E OS POLÍTICOS QUE MERECE.

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