terça-feira, 29 de abril de 2014

MÁRIO SOARES

No quadragésimo aniversário

por MÁRIO SOARESHoje
No dia 25 de abril de 2014 o povo manifestou-se nas ruas de Lisboa, do Porto e de todas as outras cidades e vilas, de norte a sul de Portugal, com um entusiasmo excecional e nunca visto, contra o atual Governo e o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Porquê? Pela destruição que tem vindo a ser feita, por ambas as autoridades, únicas responsáveis pelo empobrecimento geral do País, pela emigração forçada de muitas das nossas melhores cabeças, cientistas, universitários, personalidades de grande qualidade, pelo enfraquecimento do Estado social e de muito do nosso património artístico e cultural.
O atual Governo e o Presidente da República, que o protege há mais de três anos contra tudo e todos, não têm respeitado a Constituição da República, e os militares de Abril, por isso, pela terceira vez recusaram estar presentes na Assembleia da República, onde a senhora presidente foi de uma enorme falta de tato. O povo compreendeu a injúria feita aos militares que fizeram a Revolução dos Cravos e saiu em massa à rua, a gritar com grande fúria: Viva o 25 de Abril! Vivam os capitães de Abril! Abaixo o Governo e o Presidente da República, o qual tem uma estranha incapacidade, no dia em que todos põem cravos na lapela, por se festejar a pacífica Revolução dos Cravos, de usar o cravo porque, como agora se soube, antes da revolução era salazarista.
O povo não esquece e, por isso, gritou a plenos pulmões, por todo o País: Viva o 25 de Abril! Abaixo o Governo! Abaixo o Presidente da República! Queremos um novo 25 de Abril, a bem ou a mal!...
Não fui, como nos dois anos anteriores, à Assembleia da República por solidariedade - que é uma palavra esquecida na Europa em crise - e tive o gosto de estar no Largo do Carmo, onde se refugiou, no quartel da Guarda Nacional Republicana, o ditador Marcelo Caetano e estava o verdadeiro herói Salgueiro Maia em cima do seu tanque, à ordem do então major Otelo Saraiva de Carvalho, que disse ao general Spínola para ir junto de Salgueiro Maia e, para não haver sangue derramado, obrigar o ainda presidente do Conselho Marcelo Caetano a render-se. Assim aconteceu. Na mesma praça esteve agora uma multidão tão entusiástica como há 40 anos para ouvir, como único orador, o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, que falou muitíssimo bem. O povo gritou: "Queremos um novo 25 de Abril!" "Este Governo, rua!" "Não o suportamos mais!" "Basta!"

SOARES É FIXE

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