terça-feira, 22 de abril de 2014

O antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, defendeu esta terça-feira, em Estrasburgo, que se Portugal e a Grécia tivessem cumprido as recomendações feitas no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) teriam evitado muitos problemas, nomeadamente os programas de regaste.

“No caso de Portugal e da Grécia, acredito que se o PEC tivesse sido aplicado muito rigorosamente teríamos evitado muitos problemas, muitos problemas, não digo todos os problemas”, afirmou Jean-Claude Trichet, perante a comissão do Parlamento Europeu que está a investigar a acção da “troika” nos países resgatados.

O responsável francês, que presidiu ao Banco Central Europeu entre 2003 e 2011, não identificou exactamente o período a que se referia a sua observação.

Mas voltou a referir-se a Portugal para exemplificar que os primeiros três países da zona euro a serem atacados pelos mercados foram precisamente aqueles cuja competitividade divergia da restante zona euro, situação para a qual diz que o BCE alertou desde 2005.

“Os mais vulneráveis eram mais ou menos aqueles que sinalizavam perda de competitividade e onde as evoluções nominais galopavam. Sem surpresa, em primeiro lugar a Grécia, em segundo a Irlanda, em terceiro Portugal. Eram os três países que apresentavam indicadores que divergiam da média, o resto mundo viu isso e atacou”, afirmou Jean-Claude Trichet.

Perante os eurodeputados, Trichet revisitou os anos de brasa da crise do euro e identificou Agosto de 2011, numa altura em que Portugal, Grécia e Irlanda já tinham sido resgatados, como o momento decisivo.

“O episódio mais intenso aconteceu quando 40% do PIB foi desafiado, quando Espanha e Itália foram colocadas em causa. O resto do mundo estava a apostar massivamente no colapso de Espanha e Itália e, depois destes países, claro, no colapso do resto da zona euro”. Colapso esse que, segundo Jean-Claude Trichet, só foi evitado graças à intervenção decisiva do BCE.

Sem comentários: