sexta-feira, 25 de abril de 2014

Página Inicial  ⁄  Política  ⁄  Mário Soares: Cavaco "nunca foi capaz de usar um cravo!"

Mário Soares: Cavaco "nunca foi capaz de usar um cravo!"

Soares e Lula juntaram-se na conferência "O 25 de Abril visto de fora". O histórico socialista diz que a manifestação que esta tarde desceu a Avenida da Liberdade é a imagem do protesto do povo contra o Governo e um Presidente que "nunca foi capaz de usar um cravo".
Cristina Figueiredo
 Última atualização há 47 minutos
Mário Soares e Lula da Silva na conferência "O 25 de Abril visto de fora"
Mário Soares e Lula da Silva na conferência "O 25 de Abril visto de fora"
Lusa
Na plateia, muitos brasileiros que, entusiasmados, gritaram o nome de Lula, à chegada e à saída, antigos dirigentes e governantes socialistas, como Almeida Santos, Manuel Alegre, José Sócrates ou Vera Jardim, mas também o fundador do PSD, Francisco Pinto Balsemão, a viúva de José Saramago, Pilar del Rio, o ensaísta Eduardo Lourenço e o cientista Mário Ruivo.
"O Presidente que nunca foi capaz de usar um cravo"

O tema remetia para 1974, mas Mário Soares, desta vez, não resistiu a comentar a atualidade, confessando-se impressionado pela multidão que, esta tarde, desceu a avenida da Liberdade, celebrando o 25 de Abril, "quando se sabe que este Governo é contra o 25 de Abril e este Presidente da República nunca foi capaz de usar um cravo".
O histórico socialista, que recordou os primeiros tempos da Revolução - quando, a pedido de Spínola, percorreu toda a Europa para "explicar" o que estava a acontecer em Portugal e assim obter o reconhecimento internacional da democracia -, aproveitou para, mais uma vez, agradecer aos militares de Abril: "Devemos-lhes tudo", disse, sublinhando ainda o facto  de os militares terem abdicado do poder para o darem aos partidos.
"Esta terra ainda vai tornar-se um imenso Portugal" 

Já Lula da Silva, lembrando que, nessa época o Brasil vivia há dez anos sob ditadura "implacável". A notícia do golpe militar em Portugal só foi conhecida no dia seguinte, e foi recebida como "um bálsamo que nos encheu de esperança".
O ano de 1974 terminou com conquista pela oposição brasileira de um terço dos lugares do Senado. Lula recordou ainda a canção de Chico Buarque, "Fado tropical", que irritou a censura brasileira ao ponto de confiscar todos os discos só para confiscar a faixa onde, ãs tantas, o autor previa que "esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal". 
O ex-Presidente brasileiro quis terminar com uma mensagem de esperança para um povo bem precisado dela:  "Este bravo povo português sempre será capaz de novas proezas". E desafiou a juventude, "que tem um passado de que se orgulhar e todo um futuro para sonhar": "Tomem outra vez aqueles cravos e sigam adiante". "O novo mundo", concluiu, "ainda está para ser feito".


Sem comentários: