terça-feira, 13 de maio de 2014


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Tiago Freire

Eu quero votar no Governo Portas

TIAGO FREIRE
Eu quero muito votar no Governo de Paulo Portas. Não quero necessariamente votar no partido de Paulo Portas, mas adoraria votar no seu Governo.
É que este, ao contrário do outro Governo - o de Passos Coelho - é que é um Governo a sério.

Portas fala para os portugueses; Passos para os ‘troikos'. Portas comemora a saída da ‘troika' como o fim da Idade Média e o início de um novo e glorioso período de prosperidade e orgulho nacional; Passos pede mais calma e lembra-nos que ainda há muito deserto para palmilhar e muita sedinha para passar. Portas quer descer impostos; Passos já nem espera que a gente se distraia para carregar mais uns milhões valentes no IVA. Portas, que não é ministro dos Negócios Estrangeiros nem ministro da Economia, multiplica-se em anúncios de negócios, seja liderando comitivas empresariais no estrangeiro ou anunciando todo e qualquer investimento privado em Portugal; já Passos leva com as manifestações de trabalhadores cujas empresas fecham e os deixam desprotegidos.

Portas quer reformar o Estado, e é tão bom e tão generoso e tão brilhante que consegue apresentar um guião e propostas que não causam protestos de ninguém, ou seja, não servem para nada porque não terão quaisquer consequência; Passos é o rosto dos cortes, aparecendo sempre confuso entre o que é reformar e o que é cortar (como Portas, sabiamente, diz). Portas é o homem que tudo diz com um tal ar caloroso que faz todas as notícias parecerem não apenas positivas, mas dedicadas carinhosamente a cada um de nós; Passos podia vir a minha casa anunciar que eu tinha ganho o Audi do Fisco, e tenho a certeza que me deixaria deprimido.

Até Maria Luís Albuquerque - que Portas não admitia que fosse designada ministra das Finanças, lembram-se? - se transforma consoante a companhia. Quando está junto a Portas, é uma sorridente e confiante cúmplice da nova fase do País; ao lado de Passos, é a velha fotocópia austera de Vítor Gaspar. Daí que eu lamente profundamente esta coligação CDS/PSD para as eleições europeias; mais, coligação que deverá repetir-se para as legislativas, como admitiu recentemente Nuno Melo. É que eu gostava muito de votar no Governo de Paulo Portas, mas não suporto votar no carrancudo Governo oposto, o de Pedro Passos Coelho.

PORTAS É UM ATOR COM CERTIFICADO.

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