terça-feira, 17 de junho de 2014

O escritor Mário Cláudio olha para o país e vê uma "situação de grande enfermidade" que se alastra a toda a população. A responsabilidade "tem responsabilidade nos políticos", que se limitam a repetir "ad nauseam" os mesmos chavões, critica.

Há cerca de um mês contavam-se os dias para a saída da "troika". Hoje, voltamos a fazer contas por causa das decisões do Tribunal Constitucional e o principal partido da oposição mergulhou numa crise de liderança. Que país é este que parece sofrer de doença bipolar? 
É uma situação de grande enfermidade. Enfermidade do ponto de vista emocional e que tem um efeito endémico para toda a população. Mas é uma enfermidade que tem responsabilidade nos políticos. Eles estão lá é por alguma razão. A responsabilidade tem de ser assacada a eles na primeira linha. Eu não consigo rotular esta situação em termos patológicos, mas que existe uma patologia que precisa de ser tratada – posta no divã, analisada – não tenho qualquer dúvida.

E como é que podemos compreender discursos tão antagónicos do Governo (a euforia de deixar a "troika", a preocupação face às decisões do Tribunal Constitucional) num período reduzido de tempo?
Ora bem, esse antagonismo correspondente a uma grande desorientação e a uma confusão enorme dos quadros de valores. Enquanto a agenda dos políticos tiver como objectivo prioritário a conservação do poder, a manutenção do poder e o aproveitamento dele, não saímos daqui. 

Dizia que a responsabilidade é dos políticos. Mas qual é então a solução?
Eu não sei se a culpa é de todos eles. Eu penso é que eles têm de assumir a responsabilidade. Muitos não serão culpados. A grande maioria não está lá por razões estritamente altruístas, muito pelo contrário. Mas admito que haja alguns que estejam animados pelos melhores propósitos. E esses que têm boas intenções também têm que fazer alguma coisa. Não basta protestar continuamente.

E essa alguma coisa é o quê? Os políticos actuais afastarem-se?
Acho que sim. Procuro ancorar-me muito naquilo que é a lição da história. É preciso que as coisas se desfaçam para começarem a funcionar melhor. 
Mas o cenário não é encorajador. 

O principal partido da oposição vive também um momento de crise na sua liderança. Por isso é que eu falei de uma patologia endémica. Não se trata de sacar responsabilidades exclusivas a este ou aquele partido, a este ou aquele grupo, a esta ou aquela ideologia. Todos eles têm rabos-de-palha, como diz o povo. A tentação de muita gente vai no sentido de virar as costas para aquilo que é o acontecer político. Tenho vários amigos que decidirem nem sequer ouvir os noticiários. Uma atitude escapista, talvez. Mas é também uma atitude higiénica. 

Não podemos ouvir repisar "ad nauseam" os mesmos chavões. As críticas entre partidos tornaram-se numa conversa de comadres para a qual não há paciência. É necessário superar tudo isso. E isso só pode ser superado com pessoas que não estão contaminadas pelo mal. E os políticos estão – todos eles. Não tenho qualquer dúvida sobre isto.

SERÁ QUE ALGUNS POLITICOS NÃO QUEREM OUVIR?
ONTEM OUVI DOIS REPRESENTANTES DAS CANDIDATURAS AO PS- BRILHANTE DIAS E MARCOS PERESTRELO, NA TVI 24 E FIQUEI ENVERGONHADO COM TANTA DESFAÇATEZ E TANTA "ROUPA SUJA". NA TASCA FALA-SE BEM MELHOR.
UM TAL MARCO ANTÓNIO VEM TODOS OS DIAS INTROMETER-SE NA VIDA INTERNA DO PS E NINGUÉM REAJE.
O GOVERNO ENTROU DE FÉRIAS.
O PAÍS AFUNDA-SE.
E OS RESPONSÁVEIS POLITICOS FAZEM DO POVO UMA CAMBADA DE IGNORANTES.

POR ESTE CAMINHO VAMOS TER UM FUTURO POUCO RISONHO.

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