quinta-feira, 12 de junho de 2014

Um grupo de deputados socialistas subscreveu um abaixo-assinado no qual se apela à presidente do partido, Maria de Belém, para convencer António José Seguro a marcar eleições directas para a escolha do secretário-geral e um congresso extraordinário electivo.
Os deputados consideram que a crise interna está a desgastar muito o partido e que é preciso resolvê-la rapidamente. Ao que o PÚBLICO apurou, até ontem ao fim da tarde, o texto já teria sido subscrito por cerca de meia centena dos deputados afectos a António Costa. Ao todo a bancada parlamentar socialista conta com 74 deputados. 
A recolha de assinaturas vai prosseguir, porque nesta quarta-feira havia deputados que não se encontravam no Parlamento e que, ao serem contactados, manifestaram vontade de subscrever o documento que será entregue mais tarde a Maria de Belém.
O deputado Jorge Lacão é o promotor deste abaixo-assinado, mas contactado pelo PÚBLICO recusou fazer qualquer comentário sobre a iniciativa. Fonte socialista disse que a iniciativa visa apelar à presidente do partido para que "transmita ao secretário-geral o desagrado do grupo parlamentar e não prolongue a crise política no partido, numa altura em que o país tanto precisa do PS".
Paralelamente às diligências dos parlamentares afectos a Costa, o presidente da Câmara de Lisboa prepara o seu regresso ao Norte. O candidato à liderança do PS reservou o fim-de-semana para contactos com militantes de Braga, um distrito que o apoia maioritariamente, embora Fernando Moniz, líder da distrital socialista, esteja ao lado do secretário-geral.
A distrital de Braga sabe a importância que tem no xadrez dos apoios na disputa pela liderança do partido e já decidiu que só vai convocar a reunião da sua comissão política depois da realização da da comissão nacional, marcada para 22 de Junho.  Mas Braga pode não ser a única distrital a adiar a reunião da sua comissão política, que se há-de pronunciar sobre a realização de um congresso extraordinário electivo e eleições directas.
António Magalhães, ex-presidente da Câmara de Guimarães, e actual presidente da assembleia municipal, enaltece a coragem de António Costa para disputar a liderança do partido: “O PS precisa de uma liderança forte e que seja respeitada pelo Governo, porque António José Seguro já não tem credibilidade.” “Sinto um entusiasmo grande no seio do partido e também por parte da população em geral em relação a António Costa para disputar uma alternativa credível e com força”, afirmou António Magalhães, que faz questão de afirmar o seu apoio ao timing escolhido pelo autarca de Lisboa para disputar a liderança, tendo em conta a escassa margem da vitória alcançada pelo PS nas eleições europeias.
“O que é que Seguro faz com uma vitória destas nas legislativas?”, questiona, reafirmando que, “para o actual secretário-geral, o melhor momento [europeias] já passou”, porque, com o resultado destas eleições, "o partido já partia fragilizado para o próximo combate das legislativas em 2015”. “Há um lastro de desânimo por parte do PS e da população para com a actual liderança do PS”, sublinha o ex-presidente da Câmara de Guimarães, salvaguardando que nada tem contra António José Seguro – “um homem bom e um cavalheiro”.
Quanto às primárias, convocadas para finais de Setembro, o presidente da Assembleia Municipal de Guimarães tem uma posição muito crítica e fala mesmo de uma “jogada arriscada”. “Não conheço as regras para a convocação das primárias, mas, mesmo que elas corram bem às hostes de António José Seguro, isso não lhe resolve nada, isso não lhe dá credibilidade, porque ele já se esgotou perante os seus adversários. É uma presa mais fácil”, declara António Magalhães. E critica a direcção do partido por não ceder à convocação de eleições directas para a escolha do secretário-geral e de um congresso extraordinário electivo, como defendem os apoiantes de Costa. “O problema é do foro político. A questão essencial é clarificar a situação do partido, porque o partido está todo dividido”, resume.
António Costa tem previsto um encontro com militantes do partido para sábado à tarde em Barcelos. Neste dia vai também a Vila Nova de Cerveira. O domingo será passado entre Famalicão e Vizela, para onde está marcado um almoço com militantes. É provável que, no sábado, António Costa ainda encontre espaço na sua agenda para tomar um café com o líder da concelhia, Manuel Pizarro, que é um dos seus grandes apoiantes a norte.
A PRESIDENTE DO PS DEVIA PREOCUPAR-SE COM A LEGALIDADE DAS PRIMÁRIAS.
O DESGASTE QUE O PS ESTÁ A SOFRER RESOLVE-SE COM UM CONGRESSO EXTRAORDINÁRIO E DIRETAS JÁ.
PORQUE NÃO UM REFERENDO INTERNO? DAR A PALAVRA AOS MILITANTES É URGENTE. DEPOIS VIRÁ O RESTO COM BOM SENSO E SENTIDO DE RESPONSABILIDADE. ESTICAR MAIS A CORDA SÓ BENEFICIA A DIREITA NEOLIBERAL.

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