domingo, 13 de julho de 2014

A cor do dinheiro

por PAULO BALDAIAHoje
Continuamos a apanhar os cacos sem conseguir evitar que a louça se parta. E cá estamos outra vez, depois de uma semana de verdadeira histeria e de mil perguntas sem resposta. Não nos sai da cabeça que a crise no GES e as implicações no BES podem ser piores do que nos dizem, porque nos dizem apenas o que sabem ou porque sabem mais do que nos dizem.
Confiar na acção do governador do Banco de Portugal e na vigilância do Governo é uma opção, mas as garantias que eles nos oferecem são como as garantias bancárias, têm um valor que não pode ser ultrapassado. Carlos Costa e Passos Coelho garantem-nos que o BES tem capacidade para resistir aos sarilhos do GES, mas essa garantia não cobre danos extra.
E se de repente se descobre que o tratamento preferencial e carregado de riscos dado pelo BES à família também foi, de certa forma, concedido a amigos ou a testas-de-ferro de outros negócios? E se umas centenas de milhões desse crédito que rolou fácil deixar de poder rolar? E se a soma dessas perdas potenciais for relevante e a acumulação com as perdas do GES for superior ao valor da anunciada almofada?
São muitos "ses" para se resolverem com uma simples garantia de que está tudo bem. Nós sabemos que não está. A futura administração dará respostas mais credíveis porque terá maior independência e nenhum interesse em esconder possíveis alçapões e isto é, deveria saber o FMI, a mais intrusiva supervisão ao banco que se pode fazer. Ou se tem alguém lá dentro com interesse em contar tudo ou sabe-se pela metade. O problema é que o tempo passa e o dinheiro de que o BES precisa está cada dia mais caro.
A decisão neste momento é política e, no mundo da alta finança, isso tanto pode significar coisa boa como coisa má. A vontade de não avançar já com uma intervenção do Estado pode significar que o Governo não quer a política nos negócios e isso é bom, mas pode também ser apenas uma tentativa de que os negócios do BES não eclipsem as hipóteses políticas de ganhar as próximas eleições e isso é mau.
O BP E O GOVERNO VÃO TER DE EXPLICAR
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