domingo, 6 de julho de 2014


Cavaco cidadão tem todo o direito de virar as costas a quem diga mal dele


Há adjectivos que se vão colando a determinadas pessoas e se propagam sem que de facto se possa perceber muito bem porquê. A coisa nasceu um dia, alguém a repetiu e espalhou-se como um vírus. Se o qualificativo for simpático para a criatura em questão, será ele próprio, os seus amigos, os seus porta-vozes que se encarregarão de amplificar. Alguns dos qualificativos são de escassa duração e lidos muitos anos depois tornam-se quase cómicos: no arranque da campanha interna de Sócrates à liderança do PS, alguns socialistas chamavam a Sócrates “o Cavaco do PS”. O que era aqui “vendido” era a “determinação”, a “persistência”, a “capacidade vencedora”, etc. e tal. Hoje é provável que os mesmos que há dez anos falavam nisto considerem a identificação insultuosa.
Quanto a Cavaco Silva, o adjectivo que desde muito cedo se lhe colou foi o de “institucionalista”. A expressão é repetida em vários fóruns com regularidade – em muitos casos até para justificar as omissões do Presidente (tipo a Constituição não dá quase poderes nenhuns ao Presidente da República).
Ora se Cavaco Silva fosse verdadeiramente institucionalista tinha mandado fazer uma notazinha do Palácio de Belém a dar os parabéns a Carlos do Carmo pelo Grammy. Não é Cavaco Silva a saudar o homem que o criticou asperamente nos últimos tempos – é o Estado português, que Aníbal Cavaco Silva chefia, a dar os parabéns a Carlos do Carmo. Mas Cavaco Silva não distingue as suas funções entre chefe de um estado e as do simples cidadão que se ofende com as críticas e deixa de falar a quem o destratou. O Cavaco cidadão tem o direito de virar as costas a todos os portugueses que dizem mal dele (que, a avaliar pelas sondagens, já são mais que muitos). O Cavaco Presidente da República tem uma instituição a servir e o Estado a representar. Ao recusar emitir o tradicional comunicado oficial (repetido cada vez que qualquer português ganha um prémio de relevo), Cavaco Silva demonstra que não é um institucionalista, como não foi institucionalista ao faltar ao funeral de Saramago, como não foi institucionalista ao fazer uma comunicação ao país em horário nobre sobre as anedóticas “escutas de Belém”.

CAVACO TEM TODOS OS DIREITOS QUE QUISER. E PODE VIRAR AS COSTA A QUEM O CRITICAR. FOI SEMPRE ASSIM E NÃO VAI MUDAR AGORA.
MAS OS PORTUGUESES TÊM TODO O DIREITO DE LHE EXIGIR RIGOR E ISENÇÃO NO LUGAR QUE OCUPA E NÃO FAZER DOS OUTROS PARVOS.

DIZ QUE NÃO É POLITICO MAS NUNCA FEZ OUTRA COISA;
PEDE CONSENSOS MAS NUNCA OS FEZ.
DÁ  LIÇÕES DE MORAL E NÃO DEVIA;
GOVERNOU 10 ANOS E NÃO TEM RESPONSABILIDADES NENHUMAS;
COMPROU AÇÕES DO BPN E VENDEU COM LUCROS CHORUDOS;
SEMPRE DEFENDEU OS AMIGALHAÇOS;
A CASA DA COELHA É UMA HISTORIA POR ESCLARECER.



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