sexta-feira, 4 de julho de 2014

CONSELHO DE ESTADO

PR teve de deixar cair uma palavra no comunicado final

por João Pedro Henriques
O Presidente da República teve outra vez de negociar o comunicado final do Conselho de Estado com a ala esquerda dos conselheiros, tal como já tinha acontecido na anterior reunião, em maio de 2013.
Desta vez o conceito que caiu do comunicado final foi o de "entendimentos interpartidários". Ao ler o comunicado que já levava preparado, Cavaco Silva salientou que ele não seria tornado público se tivesse a oposição de nem que fosse um conselheiro.
E teve - a de António José Seguro. O secretário-geral do PS exprimiu o seu desconforto com o facto de o projeto de comunicado final falar na necessidade de "entendimentos interpartidários quanto aos objetivos nacionais permanentes". E assim a expressão "interpartidários" caiu do comunicado final - sendo que Cavaco Silva deixou bem claro aos membros do Conselho de Estado que isso o deixava contrariado.
Na reunião, Jorge Sampaio, Manuel Alegre e António José Seguro reafirmaram que não há condições antes das próximas eleições para entendimentos alargados entre a atual maioria e o PS. Alegre falou das palavras "consenso" e "compromisso" e disse que "as palavras estão gastas" - uma expressão que Cavaco Silva retomaria no final da reunião, com ironia, para deixar cair do comunicado final o conceito de "entendimentos interpartidários".
O ponto 4 do comunicado ontem emitido - o mais importante - "exorta todas as forças políticas e sociais, no quadro da diversidade e pluralidade democrática, a que preservem entre si as pontes de diálogo construtivo e a que empenhem os seus melhores esforços na obtenção de entendimentos quanto aos objetivos nacionais permanentes, fator decisivo da confiança e da esperança dos portugueses".
Outro aspeto relevante da reunião foi a necessidade de renegociação da dívida. Jorge Sampaio levantou o problema, seguido de António José Seguro - que já tinha prometido que o faria -, Bagão Félix, Manuel Alegre, entre outros. Ficou no ar a expressão "quebrar o tabu" - ou seja, avançar para uma renegociação que não se limite a juros e prazos de pagamento. Passos Coelho, pelo seu lado, terá reconhecido que os encargos da dívida são um problema, mas reconheceu as dificuldades europeias de fazer passar a ideia
JÁ LEVAVA O COMUNICADO PREPARADO? NÃO DÁ PARA ENTENDER.

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