segunda-feira, 7 de julho de 2014


Sociedade Aberta

00:06



António Costa

Habemus Bento

ANTÓNIO COSTA

Vitor Bento é o novo presidente executivo do BES, só será aprovado formalmente pelos accionistas do banco no próximo dia 31, mas já tem o que, no fundo, era mais importante, a ‘benção' dos poderes públicos, do Banco de Portugal. E isso diz bem do nível de intervenção do Estado num banco privado.
Não é uma escolha óbvia, mas é a melhor escolha quando a credibilidade e independência são a primeira, segunda e terceira prioridades.

Não é a primeira vez que o Estado intervém num banco privado, nem sempre foram intervenções feitas pelas melhores razões e com o fundo mais bondoso, esmo quando não há dinheiro em causa. E é por isso que não vale a pena insistir na tese de que esta escolha para o BES é dos accionistas privados. Não é, é do regulador - e com a aprovação do Governo - e os accionistas aceitaram a custo, não pelo nome que é, mas pelo poder que perderam, para sempre.

Pedro Passos Coelho falava, quando chegou ao poder, na necessidade de democratização da economia, António Borges pedia uma regeneração da estrutura accionista dos bancos, nenhum falava dos Espírito Santo, os dois estavam também a pensar na família que mandou até agora em Portugal.

Vítor Bento é uma escolha dos poderes públicos que os accionistas aceitam, mas isso não o torna menos independente. O seu percurso fala por si, por isso a intervenção de António José Seguro é tão despropositada, seria provável, como foi, da CDU ou do BE, mas não do PS. Sim, a independência de Bento será medida, e escrutinada, a partir de agora, como presidente do BES, desde logo pela ajuda que dará, ou não, à família.

O banco está exposto ao grupo Espírito Santo, directa e indirectamente. Serão centenas de milhões que, se se perderem, não põem em causa a solvabilidade do banco, mas provavelmente serão razão para Bento pedir a ajuda de fundos públicos. A prazo, senão antes, será também a forma de afastar, de vez, a família do banco que criou há mais de 140 anos. Mas o desafio de Bento passa também por recuperar a rentabilidade de um banco que, obviamente, está posta em causa pela situação económica do país.

A sua primeira decisão não poderia ser melhor, a escolha de João Moreira Rato para administrador financeiro garante uma competência inquestionável.
Carlos Costa O governador do Banco de Portugal ganhou o braço-de-ferro com Ricardo Salgado, mas acabou por ser obrigado a uma verdadeira intervenção pública, (ainda) sem dinheiro, no BES. O comunicado de sexta-feira sobre a nova equipa de gestão, a aprovação a Bento e a Moreira Rato, mostra que Morais Pires não chegou a ser, para si, uma hipótese efectiva para suceder ao actual presidente. O assunto é complexo, geriu bem, com pinças, um problema que é da família Espírito Santo e que poderia vir a ser, sem a sua intervenção preventiva, do País. E mostra também que tinha condições para aprovar já, antes da assembleia-geral de 31 de Julho, a nova equipa de gestão. Perdeu duas semanas, mas acabou por sair com a razão do seu lado.

Ricardo Salgado A forma como conduziu a sua própria sucessão, aos 70 anos, foi um desastre, para si e para o próprio banco. E acaba por ser o responsável pela degradação que se verificou nas duas últimas semanas no BES e na sua cotação em bolsa, no mínimo porque avançou com um nome - de Amílcar Morais Pires - que não tinha as condições para lhe suceder nem o apoio explícito do Banco de Portugal. E não poupou o seu braço-direito durante uma década a um vexame público. A sua história no banco e na vida económica e política do País nas duas últimas décadas será feita, mas não antes do encerramento de um processo que será doloroso e ainda vai no adro. Para si, para o grupo Espírito Santo, veremos com que consequências.

Amílcar Morais Pires Administrador financeiro do BES durante uma década, indicado para novo presidente executivo pela ESFG, acabou por seu o último a saber que o seu presidente executivo, Ricardo Salgado, estava já há uma semana a negociar (?) com o Banco de Portugal uma nova equipa de gestão. Acabou por desempenhar o papel que não queria, de lebre útil num processo que não foi bonito. É o menor dos responsáveis e não merecia passar por esta humilhação pública. Morais Pires sairá do BES sem fama nem glória, e com o nome manchado, sem hipótese de defesa na opinião pública.

NOTICIAS PARA TODOS OS GOSTOS.
MAS O GOVERNO E O REGULADOR SÃO RESPONSÁVEIS NA ESCOLHA.
TUDO O MAIS É CONVERSA FIADA.

1 comentário:

Anónimo disse...

A tralha cavaquista
BPN SLN BES
E OS COMENTADORES LAMBUSANTES DO COSTUME
TUDO ISTO E UM CHEIRO PESTILENTE DE CONLUIOS AMIGOS E FARSANTES DO PSD
CAMBADA DE LADRÕES QUE BENEFECIA DA CONIVÊNCIA DE UM GOVERNO PPC,PP, CALADOS QUE NEM RATOS QUE SÃO.
QUANTO A ENTIDADE REGULADORA ...NÃO EXISTE.