Caladinhos? Nem pensar!
A pré-campanha das presidenciais arrancou. E em força. Durão Barroso, ainda com o chapéu de Presidente da Comissão Europeia, veio distribuir as últimas migalhas da Europa solidária.
Diz-nos, o "nosso português" em Bruxelas, que é uma pipa de massa. E silêncio sobre a ideia de que a Europa não é amiga de Portugal. Ora, nem em final de festa, Durão Barroso consegue ser, o que foi apregoado aquando da sua saída, o representante de Portugal, em Bruxelas. A postura agora é o que sempre o foi.
Adiante, vamos ao cheque endereçado a Lisboa. São 26 mil milhões de euros que chegam como chuva ao deserto árido. Com a banca nacional em polvorosa, com os investidores a correrem os seus modelos de risco, Portugal precisa de investimento com urgência.
Mais impressionante ainda é olharmos para trás, quantas vezes ignoramos, por nossa conta e risco, as lições da história, e percebermos que Portugal recebeu desde 1986, data da nossa entrada na então CEE, perto de 100 mil milhões de euros. Grosso modo, cerca de 9 milhões de euros por dia.
A primeira pergunta é: como é possível termos recebido esse valor e em 2011 termos ido ao tapete, com um pedido de resgaste de 75 mil milhões de euros?
Não é uma resposta fácil. Mas analisar o destino dos fundos estruturais que a generosa Europa nos concedeu deveria ser objecto de estudo aprofundado, para memória futura. O que tem a chancela da Europa? Seremos um país mais competitivo? Mais bem formado?
Não esqueçamos o bom trabalho desenvolvido pelo Observatório do QREN. Com isenção e rigor foi dando nota e contas do impacto dos fundos comunitários no país.
Mas o estudo completo do impacto do apoio Europeu a Portugal deveria ser realizado. Até lá, tivemos esta semana um estudo da Fundação Bertelsmann, uma fundação prestigiada alemã, que coloca Portugal no fundo do pelotão dos países da zona euro, que mais beneficiam com o mercado único europeu.
Curioso não? Será que devemos mesmo ficar calados como nos recomenda Durão Barroso?
Da nossa parte haverá indubitavelmente culpas por não termos sabido aproveitar melhor os fundos que recebemos. As percentagens de execução sempre foram uma dor de cabeça e uma desilusão. Convém lembrar, pois muitos se esquecem, que Portugal é um contribuinte para o grande "bolo europeu". Todavia, a gestão dos fundos foi melhorando, ao início foram distribuídos, com excesso de burocracia, reduzida fiscalização e com um impacto na economia real inferior ao esperado. Por isso existe deste Governo, bem como dos anteriores, a vontade de garantir uma melhor coordenação e execução, centralizando o Modelo de Governação dos cinco fundos que nos são atribuídos, procurando evitar burocracias e simplificar o acesso.
O caminho já todos apontam e esperemos que seja seguido. Prioridade ao emprego, prioridade a investir no que nos dê retorno. Que não se percam fundos em Workshops, coffee-breaks e formações para consultores facturarem. Somos um povo com muitos estudos na gaveta e várias auto-estradas vazias. A aposta só pode ser na inovação, apoios a quem realmente precisa e merece, nas PMEs, com a criação de redes de PMEs que ganhem músculo e escala para exportarem, como as Mittelstand alemãs.
A Europa está aí como oportunidade para ser aproveitada, mas não acriticamente. O bom aluno não é o que fica indolente no seu lugar, à espera do que lhe transmite o Mestre-escola, é antes aquele que questionando procura saber mais. Por isso, não, não nos podemos calar. Fica a missão para Carlos Moedas. Que seja efectivamente um digno representante de Portugal em Bruxelas. Há dez anos que não temos quem represente Portugal no Colégio de Comissários.
QUEM LEU O LIVRO DE Mark Blyth - AUSTERIDADE - A HISTORIA DE UMA IDEIA PERIGOSA" NÃO FICARIA AGORA ADMIRADO DO QUE ESTÁ A ACONTECER. ESTÁ LÁ TUDO BEM EXPLICADO.
"Um livro Notável" Financial Times.
"mas então os programas de austeridade não foram baseados num estudo económico sério??Mark Blyth prova que não". Paul Krugman.
Este é o livro absolutamente definitivo sobre o assunto. Nunguém lhe pode ficar indiferente.
"Transformámos a política da dívida numa
moralidade que desviou a culpa dos BANCOS para o Estado.
A austeridade é a penitência - a dor
virtuosa após a festa imoral - mas não vai
ser uma dieta de dor que
todos partilharemos.
Poucos de nós são
convidados para a festa,
mas pedem-nos a todos
que paguemos a CONTA".
"... ambas as oportunidades apareceram pouco depois
de o G20 ter emitido o seu comunicado final no fim da
reúnião de Junho de 2010 em
de o G20 ter emitido o seu comunicado final no fim da
reúnião de Junho de 2010 em
Toronto
Essa reúnião do G20 assinalou
o momento em que a redescoberta da
economia Keynesiana, que enformara
as resposta do Estado à crise
financeira global desde 2009,
deu lugar a uma leitura economicamente
o momento em que a redescoberta da
economia Keynesiana, que enformara
as resposta do Estado à crise
financeira global desde 2009,
deu lugar a uma leitura economicamente
mais ortodoxa e austera dos acontecimentos.
O comunicado do G20 pedia o fim da despesa
reflacionária sob o disfarce de uma
coisa chamada "consolidação do crescimento
amiga do orçamento" que é uma maneira
bonita de dizer "AUSTERIDADE".
O comunicado do G20 pedia o fim da despesa
reflacionária sob o disfarce de uma
coisa chamada "consolidação do crescimento
amiga do orçamento" que é uma maneira
bonita de dizer "AUSTERIDADE".
Parte do que os académicos
fazem é gerar ideias e ensinar.
A outra parte, talvez mais importante,
é desempenhar o papel de "polícia da m..."
fazem é gerar ideias e ensinar.
A outra parte, talvez mais importante,
é desempenhar o papel de "polícia da m..."
O nosso trabalho é olhar para as ideias
e os planos que as partes interessadas
apresentam para resolver os seus
problemas colectivos e ver se passam
ou não passam no "teste do faro".
e os planos que as partes interessadas
apresentam para resolver os seus
problemas colectivos e ver se passam
ou não passam no "teste do faro".
A austeridade como caminho para o crescimento
e como resposta correta no rescaldo
de uma crise financeira não passa no "teste do faro".
e como resposta correta no rescaldo
de uma crise financeira não passa no "teste do faro".
Mark Blyth
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