terça-feira, 7 de outubro de 2014

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FMI: Draghi e Merkel são a chave da recuperação europeia

Inflação baixa, falta de investimento e risco geopolítico ameaçam a retoma económica do espaço da moeda única, avisa o FMI. BCE deve avançar para compra de dívida pública se risco de deflação subir. Alemanha deve investir.
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FMI: Draghi e Merkel são a chave da recuperação europeia
 FOTO REUTERS
A consolidação da retoma económica da zona euro está dependente em larga medida de políticas internas quer da parte dos governos como do Banco Central Europeu (BCE), sublinha o Fundo Monetário Internacional no "World Economic Outlook" (WEO), publicado esta terça-feira.
As projeções de uma saída da recessão da economia da zona euro em 2014 e de um crescimento acima de 1% em 2015 estão dependentes não só do andamento da economia global, do comércio mundial e dos mercados financeiros internacionais, como das políticas que forem seguidas na zona euro para enfrentar os quatro principais riscos de curto prazo.
O WEO aponta como principais riscos no curto prazo para a economia do euro um crescimento fraco por um período prolongado, claramente distanciado das dinâmicas dos EUA e do Reino Unido, uma inflação inferior a 1% até ao final de 2015, a falta de investimento, em particular por parte dos países credores e com excedentes externos elevados, e o impacto negativo das tensões geopolíticas nas fronteiras europeias (o conflito Ucrânia-Rússia) e próximas (Médio Oriente, em particular um cenário de crise aguda no Iraque).
A estes riscos podem associar-se ainda um de ordem política - a "fadiga com as reformas" que têm sido levadas a cabo nos países sujeitos a planos de resgate ou a processos de correção de défice excessivo - e outro no plano financeiro, com a necessidade de uma recapitalização bancária superior à esperada.
"Para a zona euro, a prioridade é conseguir um forte crescimento acima da tendência e aumentar a inflação, implicando a manutenção de um política monetária acomodatícia", refere o FMI, para sublinhar, de seguida, a importância de um novo mix de políticas monetárias, orçamentais e do que é designado por reformas estruturais.
Apesar das projeções do FMI apontarem para um crescimento de 0,8% em 2014 e de 1,3% em 2015, com a saída de uma recessão registada em 2013 (contração de 0,4%), o risco de recessão na zona euro até ao segundo semestre de 2015 subiu de um pouco mais de 30% na simulação feita no WEO em abril para 40% agora.

BCE deve usar a bazuca No caso da política monetária, o FMI vai mais longe do que os pacotes ultimamente lançados pelo próprio Banco Central Europeu (BCE) nas suas reuniões de junho, setembro e outubro, que apontam para um aumento da injeção de liquidez no sistema bancário da zona euro na ordem de um bilião de euros com as novas linhas de refinanciamento direcionadas e com os dois programas de compra de ativos financeiros privados.
"Se os dados da inflação não melhorarem e se as expetativas de inflação não aumentarem, o BCE deve estar disposto a fazer mais, incluindo a compra de títulos soberanos", escreve-se no capítulo 2 do WEO. O FMI aconselha claramente o BCE a galgar a linha vermelha da compra de dívida pública dos seus membros se o processo de desinflação continuar (inflação caiu para 0,3% em setembro). Refira-se que o risco de deflação na zona euro até ao segundo semestre de 2015 subiu de 25% no WEO de abril para 30% agora.
Mas o WEO sublinha que "reduzir a fragmentação nas economias sob stresse e assegurar que a inflação regressa ao objetivo de estabilidade de preços exige ações além da política monetária".
O FMI aponta para três linhas de atuação: restabelecer "a confiança nos bancos" (em que a revisão em curso da qualidade dos ativos é crucial) e melhorar "a intermediação" financeira; avançar com reformas estruturais pelo lado da oferta para aumentar o crescimento potencial sobretudo nas economias com mais altos níveis de dívida; e manter uma orientação suave de política orçamental. "Na frente da política orçamental, o ritmo da consolidação abrandou e a posição global orçamental para 2014 e 2015 é apenas ligeiramente contracionista. Isto permite um melhor equilíbrio entre o apoio à procura e a redução da dívida", diz o FMI.
É tempo de agir, chanceler MerkelO WEO vai mesmo mais longe na concretização das suas recomendações de política orçamental para se dirigir diretamente à locomotiva da zona euro dirigida pela chanceler Angela Merkel: "A Alemanha, que já terminou a sua consolidação orçamental, pode financiar um muito necessário investimento público em infraestruturas - primordialmente para manutenção e modernização - sem violar as regras orçamentais". A importância do investimento público e privado, e em particular do investimento público em infraestruturas, é uma das recomendações centrais do FMI para impulsionar a procura no curto prazo.
Em relação aos países com défice excessivo, o WEO faz duas recomendações. No caso de ocorrerem "grandes surpresas negativas do lado do crescimento" em determinados países do euro, os governos "não deverão acionar esforços adicionais de consolidação, que seriam autodestrutivos". E se a deflação se materializar e as políticas monetárias se esgotarem, "as cláusulas de salvaguarda" do tratado orçamental deverão ser utilizadas


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