quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Entidade auditora do FMI diz que foi errada a defesa da austeridade

O Organismo de Avaliação Independente, criado pelo próprio FMI, divulgou um relatório em que considera "prematura" a recomendação feita pelo fundo, em 2010 e 2011, de uma política de consolidação orçamental.
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Christine Lagarde não aceitou crítica do organismo de auditoria criado pelo próprio FMI
Christine Lagarde não aceitou crítica do organismo de auditoria criado pelo próprio FMI /  MANDEL NGAN/AFP/Getty Images
"A recomendação [do Fundo Monetário Internacional] para estímulos orçamentais em 2008 e 2009 foi atempada e influente. Contudo, em 2010, endossou  a mudança para a consolidação em algumas das economias mais desenvolvidas em conjunto com a expansão monetária para estimular a procura. Esta recomendação para a consolidação orçamental provou ser prematura já que a retoma acabou por ser modesta nas economias mais desenvolvidas e de curta duração em muitos países europeus", diz o Organismo de Avaliação Independente (Independent Evaluation Office, IEO) do Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório que divulgou esta terça-feira intitulado "A resposta do FMI à crise económica e financeira".
O relatório, de mais de 50 páginas, é muito crítico em relação à orientação seguida a partir de 2010, referindo um conjunto de conclusões e recomendações na sua parte V. O relatório está disponível no site do IEO , um organismo de auditoria que foi criado em 2001 como entidade independente de avaliação das atividades e das políticas do Fundo.
A diretora-geral Christine Lagarde já refutou a crítica, considerando a atuação na altura como adequada.

Política orçamental expansionista teria sido preferível
"A conjugação de políticas recomendadas [pelo FMI em 2010 e 2011] não foi apropriada, já que a expansão monetária é relativamente ineficaz para impulsionar a procura privada na sequência de uma crise financeira", refere o relatório, que sublinha que, a partir de 2012, estava já disponível um grande número de análises, "incluindo de dentro do FMI", que apontavam que "a política orçamental teria sido um caminho mais eficaz para estimular a procura e que poderia ter permitido uma política monetária menos expansionista".
E conclui sobre este ponto: "Há um reconhecimento crescente que uma expansão orçamental sustentada nas maiores economias desenvolvidas teria sido benéfica". O relatório reconhece, no entanto, que o Fundo "mostrou flexibilidade propondo um ritmo mas lento de consolidação quando a perspetiva de crescimento piorou". Este aspeto foi sublinhado por Lagarde no seu comunicado sobre o relatório.
O organismo recomenda, finalmente, que o FMI deve "encorajar um ambiente genuinamente aberto a perspetivas alternativas".

Da Cimeira de Madrid ao erro do multiplicador 
Recorde-se que foi numa cimeira informal em Madrid a 16 de abril de 2010 que a guinada para a política de austeridade na zona euro ocorreu com o alto patrocínio então de Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu (BCE), o maior entusiasta influenciado pelas ideias do académico de Harvard Alberto Alesina.
Para "compensar" esta deriva, o BCE, depois de Mario Draghi chegar à presidência no final de 2011, iniciou uma política monetária expansionista recorrendo a medidas convencionais e não convencionais, ainda que nunca chegando à dimensão e âmbito das políticas de estímulos seguidas pela Reserva Federal norte-americana, Banco de Inglaterra e Banco do Japão.
De relembrar que a primeira crítica à condução da austeridade surgiu de dentro do FMI, ao mais alto nível, e foi divulgada em Tóquio em outubro de 2012 com a publicação do "World Economic Outlook" (WEO). "A investigação da equipa do FMI sugere que os cortes orçamentais tiveram efeitos multiplicadores de curto prazo no produto maiores do que se esperava", lia-se, logo, na página 1 do WEO. A explicação mais detalhada encontrava-se, depois, numa caixa, nas páginas 41 a 43 ("Caixa 1.1: "Estaremos a subestimar os multiplicadores orçamentais de curto prazo?"), da autoria de Olivier Blanchard, conselheiro económico do FMI, e Daniel Leigh. A conclusão de que houve uma "subestimação" do efeito é tirada a partir do estudo de 28 economias desenvolvidas. A exposição deste erro do multiplicador pelo próprio Fundo acabaria por ter repercussões muito amplas.
 


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DEPOIS DE TANTOS AVISOS, TANTOS LIVROS PUBLICADOS AINDA TINHAM DUVIDAS DO DESASTRE E DA DESGRAÇA QUE IAM PROVOCAR NA EUROPA?
AUSTERIDADE EXPANSIONISTA DEU NISTO. UMA EUROPA À DERIVA, SEM RUMO E SEM IDEIAS.
O NEOLIBERALISMO FEZ A EXPERIÊNCIA MAIS OUSADA NOS PAISES DA EUROPA DO SUL.
A UE NÃO TEVE CAPACIDADE PARA ENFRENTAR A CRISE E CHAMOU O FMI PARA AJUDAR.
OS LIDERES EUROPEUS DERAM PROVAS DE INCAPACIDADE E DE DESNORTE.
OS POVOS É QUE VÃO PAGAR A FATURA E SEM CULPA NENHUMA.
TRANSFORMAR UMA CRISE PROFUNDA DO SISTEMA FINANCEIRO E DA BANCA, CULPANDO AS DIVIDAS PUBLICAS E OS DÉFICES SÓ PODIA DAR O RESULTADO QUE DEU: MAIS POBREZA, MAIS DESEMPREGO, MENOS ECONOMIA, MENOS INFLAÇÃO, ESTAGNAÇÃO, RECESSÃO, FALÊNCIAS, E TUDO QUE POR AÍ AINDA ANDA ESCONDIDO.
O NEOLIBERALISMO FALIU. O CAPITALISMO ANDA À PROCURA DE UM NOVO CICLO ECONOMICO.
SE A EUROPA NÃO TOMA MEDIDAS SÉRIAS E RÁPIDAS O FUTURO DA UNIÃO SERÁ O FIM DE UM  PROJETO DIFICIL MAS QUE LEVANTAVA O VELHO CONTINENTE DO ATRASO.
TANTAS REUNIÕES E TANTOS CONSELHOS EUROPEUS PARA NADA. SEMPRE ADIADA UMA SOLUÇÃO POARA ESTA CRISE TÃO PROFUNDA.
QUISERAM ENTERRAR MAIS UMA VEZ KEYNES MAS NÃO TINHAM ALTERNATIVA CREDÍVEL.

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