terça-feira, 30 de outubro de 2007

ESTARÃO A QUERER BRINCAR CONNOSCO?

Giscard d`Éstaing incendeia debate sobre referendo
modificações introduzidas no tratado europeu visam sobretudo impedir consultas populares

Tratado: «Parlamento ou referendo»
Valéry Giscard d`Éstaing incendiou hoje o debate no Reino Unido sobre o referendo ao tratado europeu, ao afirmar que as modificações introduzidas em relação à anterior Constituição visaram sobretudo impedir consultas populares.
A diferença entre o novo e o antigo texto é mais uma «diferença de ângulo do que de conteúdo», escreve hoje num artigo no Independent (centro-esquerda) o ex-presidente da Convenção que redigiu o projecto de Constituição rejeitada em 2005 em França e na Holanda.
Explicando que a alteração mais importante entre os dois textos reside no abandono da palavra Constituição, o antigo presidente francês constata que «as propostas originais do tratado constitucional ficaram praticamente inalteradas».
«Elas foram simplesmente dispersas pelos antigos tratados sob a forma de emendas», sublinha. «Porquê esta mudança subtil? Antes de tudo para afastar qualquer ameaça de referendos, evitando-se o recurso a qualquer forma de vocabulário constitucional».
Esta declaração e observações idênticas formuladas sexta-feira no jornal Le Monde foram imediatamente agarradas pela imprensa britânica na sua maioria eurocéptica, e que promove uma activa campanha a favor de referendo, ao qual se opõe também firmemente o governo trabalhista de Gordon Brown.
«Que burla!», exclama o Sun em editorial: «O manhoso Valéry Giscard d'Estaing (...) vendeu o pavio da sua Constituição europeia bem amada».
«Agora, sabemos, e isso veio-nos da maior autoridade sobre o assunto, que as poucas mudanças não são meramente simbólicas, mas estabelecidas com o intuito de nos impedir de usar o nosso voto», indigna-se o Daily Mail.
«Cabe-lhe a si ver, senhor Brown. Sereis vós o pavio desta afronta feita à nossa democracia? Ou concedereis agora a palavra ao povo?».

1 comentário:

R. da Cunha disse...

Este "negócio" da aprovação do Tratado, por essa UE fora, nos Parlamentos ou por referendo, ainda vai dar pano para mangas. Pessoalmente, e como já tenho escrito amiudadas vezes, não sou "fã" de referendos nacionais, especialmente quando estão em causa tratados internacionais, pelo que pouco me incomoda se não houver referendo em Portugal. Há, é claro as tais promessas...