segunda-feira, 29 de outubro de 2007

PRIVADO E PÚBLICO PODEM MELHORAR

Portugueses “querem mais e melhor e que se gaste menos"
Ministro Teixeira dos Santos comenta estudo sobre a Administração Pública
"Os cidadãos querem mais e melhor e que se gaste menos", disse o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, a propósito do estudo sobre o sector público a apresentar hoje no 5º Congresso Nacional da Administração Pública.
Dizendo que esta conclusão do estudo "confirma o diagnóstico" que o Governo fez para a reforma da Administração Pública, Teixeira dos Santos disse, à entrada para o congresso, que o estudo revela "algo que é positivo".
O ministro das Finanças referiu que o estudo, que foi realizado pelo ex-ministro da Educação Roberto Carneiro, mostra que "há ainda um grande trabalho a fazer".
Teixeira do Santos lembrou que se está agora a "entrar numa fase decisiva" da reforma, numa altura em que se começa a mexer em serviços que os cidadãos utilizam no dia a dia.
Cidadãos insatisfeitos
O estudo realizado pela Universidade Católica, encomendado pelo Instituto Nacional de Administração, refere que 74 por cento dos cidadãos entendem que a administração publica funciona mal quando comparada com o sector privado.
O estudo indica que 57 por cento dos cidadãos consideram que a administração pública funciona "pior" que o sector privado, enquanto 17 por cento acha que é "muito pior".
Para 22 por cento dos cidadãos, o sectores público e privado funcionam de "forma idêntica" e para três por cento, a administração pública é "melhor" que a privada.
Este estudo traduz também a opinião dos dirigentes públicos, que na maioria (62 por cento) considera que a administração pública funciona de "forma idêntica" à privada, 28 por cento considera que a actuação do sector público é pior que do privado, dois por cento entende que é "muito pior" e oito por cento diz que é "melhor".
O estudo indica que 77 por cento dos inquiridos acha que os funcionários têm habilitações adequadas, contra 23 por cento que discordam. Para 71 por cento dos inquiridos, os funcionários são competentes e para 65 por cento têm sentido de serviço público.
A possibilidade de preencher o imposto através da Internet foi a medida mais importante tomada na administração pública nos últimos anos, seguida da abertura das lojas do cidadão.
Quanto às medidas mais importantes a tomar, 45 por cento dos cidadãos e 53 por cento dos dirigentes públicos crêem que é necessário despolitizar a administração.
Quarenta e sete por cento dos cidadãos e 32 por cento dos dirigentes públicos consideram que é necessário aproximar a administração pública dos modelos de liderança do privado. (JN)

2 comentários:

pfc disse...

É preciso cuidado com esses mitos e com a extrapolação deles. Um Estado que não se defende é um Estado bobo. A verdade é que todos os dias lidamos com mil e uma incompetências do sector privado, mas não o vemos enquanto tal. Achamos que é o comerciante A e o industrial B, mais o agricultor C que são ineptos. A burocracia também se agiganta no sector privado. E a espoliação do consumidor. Quando será que os socialistas deixarão de ter complexos e defenderão o Estado? O Estado tem muitas debilidades, é certo. Pode melhorar muito. Mas o Estado não foi feito para o lucro... E pelo lucro, hoje, o sector privado em todo o mundo explora sem rei nem lei, e todos parecem esquecer e aplaudir... Não falo dos meus caros camaradas, claro. Mas é preciso defender um Estado ético, social, para todos. Ou já nos convertemos de vez ao capitalismo?

R. da Cunha disse...

Sabemos que a burocracia existe na Administração Pública e que há Serviços pouco exigentes na qualidade de serviços aos cidadãos e, por isso, estamos sempre de pé-atrás quando nos dirigimos a qualquer Repartição ou Empresa Pública. Mas também não é menos verdade que muitas empresas privadas (nomeadamenmte as quase-monopolistas) não são melhores. Quantas existem sem "rosto", apenas contactáveis através de telefone (de que ficamos pendurados) ou por e-mail (a que nunca respondem)? Há muito a mudar na AP? Julgo que sim, mas não a diabolizemos. Sejamos exigentes e reclamemos sempre que nos assista a razão. Normalmente, é o que faço.