Debate sobre o Orçamento de 2008
Santana acusa Constâncio de ajudar em fraude
2007/11/07 17:07 Judite França (PD)
E quer que Banco de Portugal faça avaliação prospectiva do défice
Com tempo para falar, Santana Lopes subiu esta quarta-feira à tribuna do Parlamento para responder a José Sócrates e voltar a recordar o passado. Para o líder da bancada do PSD é uma «questão de honra» frisar o que o governador do Banco de Portugal fez em 2005, a pedido do primeiro-ministro, e que Santana classifica como uma «fraude política».
Não tivesse sido esta «ajuda» das «instituições financeiras» numa avaliação prospectiva do défice, este não teria sido de 6,8, mas sim de 3,3 por cento, praticamente o mesmo de os dias de hoje.
Para Santana, este pedido do primeiro-ministro foi «a segunda parte da novela que, na primeira levou à dissolução do Parlamento e depois à possibilidade de o PS estar no Governo, com resultados que nunca tinha tido».
E, por isso, Santana voltou ao tema, exigindo ao Governo que o Banco de Portugal faça o mesmo «truque» com este Orçamento. Porque «foram dois anos a ouvir uma falsidade sem nome; um truque só visto em ditadura».
Recorde-se que, no início do Governo de José Sócrates, uma comissão liderada por Vítor Constâncio concluiu que o défice, sem recurso a receitas extraordinárias, seria de 6,8 por cento. À época, Santana contestou as contas e agora, enquanto líder da bancada parlamentar voltou ao tema para dizer que «ficava bem a este Governo pedir ao Banco de Portugal que fizesse, em relação ao Orçamento de Estado de 2008, o mesmo exercício que fez em 2005», e que Santana adjectiva de avaliação prospectiva do défice.
«Feche-se o país»
Santana passou depois aos indicadores de produtividade, considera que «o país precisa de criação de riqueza»: «Só Itália está atrás de nós». Para o líder da bancada, esta gestão pauta-se por uma «visão míope»: «feche-se o país, ponha-se as Estradas de Portugal fora do Orçamento. Qualquer dia, dois terços do país está fora do OE».
Regressando a um tema debatido ontem, que levou Francisco Louçã a gracejar com a idade do primeiro-ministro, Santana diz concordar com o líder do Bloco de Esquerda para afirmar que, com concessões até 2099, e com a continuação das Scuts, «serão os nossos trisnetos a pagar a factura da irresponsabilidade socialista».
Sobre a avaliação dos resultados, Santana pergunta ao Governo qual é o modelo de desenvolvimento do país. «Este Executivo aplica receitas antigas, ultra-ortodoxas». E recorda o «deputado» Sócrates que sublinhava a importância da consolidação orçamental, mas «também muito importante é o crescimento da economia».
Para terminar, o líder social-democrata usou uma frase de José Sócrates, mas de 2003: «Crescer mais ou menos do que a Europa é a bitola que mede o sucesso ou o insucesso».
Na resposta José Junqueiro, vice-presidente da bancada socialista, recordou uma velha frase: «Não há segundas oportunidades para causar uma primeira impressão». Santana replicou de imediato: «A última pessoa que ouviu esse comentário é agora presidente da Comissão Europeia».
Santana é como o «narciso»
Mas o Governo não ficou satisfeito com a interpelação da bancada do PS e o ministro Santos Silva devolveu as críticas de Santana durante 25 minutos. «Venham discutir as propostas políticas e digam onde é possível cortar na despesa nominal». Santos Silva acusa ainda Santana de ser como o «narciso» e de trazer para a praça pública «simples almoços com o líder do partido, como se tratasse da assinatura de um tratado».
Já fora do hemiciclo, e aos jornalistas, Santana diz que não ouviu o ministro dos Assuntos Parlamentares. «Estava a atender telefonemas». Nomeadamente de Menezes, mas o conteúdo não foi revelado. «Sou modesto».
Parque Mayer: mão na anca? Só na revista
Sobre a prestação de hoje, Santana mostra-se contente. «Hoje correu bem». Mas não deixou de criticar o «tom do primeiro-ministro, que se esquece que um dia vai ser ex...». Respondendo à ironia de Sócrates que ontem falou no Parque Mayer, Santana foi peremptório: «Aqui não há revista. Ninguém está de mão na anca».
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