Publicou a SEDES um documento que merece alguma reflexão. Diz-se em tal documento:
Há um mal-estar difuso, que alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional, e esse mal-estar e a degradação da confiança, a espiral decendente em que o regime parece ter mergulhado, têm como consequência inevitável o seu bloqueamento. Se esse estado de espírito se mantiver, emergirá mais cedo ou mais tarde, uma crise social de contornos difíceis de prever.
Os partidos têm que ser capazes de mobilizar os talentos da sociedade para uma elite de serviço e a sua presença não pode ser dominadora a ponto de asfixiar a sociedade.
O Estado tem também uma presença asfixiante sobre toda a sociedade e demite-se do seu dever de isenta regulação, para desenvolver duvidosas articulações com interesses privados, que deixam em muitos casos um perigoso rasto de desconfiança.
Os partidos têm a obrigação de prestar contas de forma permanente sobre o modo como exercem a sua actividade.
O Estado tem de abrir urgentemente canais para escutar a sociedade civil e os cidadãos. Deve fazê-lo de forma clara, transparente e, sobretudo, escrutinável.
A criminalidade violenta progride; a crescente ousadia dos criminosos transmite o sentimento de que a impune experimentação vai consolidando saber e experiência numa escala de violência; enquanto subsiste uma cultura predominantemente laxista no cumprimento da lei, em áreas menos relevantes para as necessidades do bom funcionamento da sociedade emerge, por vezes, uma espécia de fundamentalismo ultrazeloso, sem sentido de proporcionalidade ou bom senso.
Calculem-se as vítimas da última década originadas por problemas relacionados com bolas-de-berlim, colheres de pau ou similares e os decorrentes da criminalidade violenta ou da circulação rodoviária e confronte-se com o zelo que o Estado visivelmente lhes dedicou.
Fonte: Público
Já há semanas, um artigo do general Garcia Leandro abordava, ainda que de forma ligeiramente diferente, esta sensação de mal-estar.
Exagero dos autores do documento? Pois talvez... Pessoalmente, penso que o governo não pode deixar de o analizar. E não pode esquecer os diversos casos vindos a público recentemente que, se não explicados, vão fazer, necessariamente, muita mossa no Estado, no governo, nos partidos envolvidos.
5 comentários:
Muita da gente da SEDES não está no Compromisso Portugal? E então?
Certo é que o "clima" não parece bom para o governo, nem para os partidos, que se vêem embrulhados em diversas "chatices" nos últimos tempos. O Zé-Pagode vai aguentar?
O DOCUMENTO,EM LEITURA DIAGONAL,
RESUME ALGO QUE TODOS SENTIMOS.
A QUESTÃO É A OPORTUNIDADE DA SUA
PUBLICAÇÃO NESTE MOMENTO.QUE
RAZÕES LEVAM A ESTA INTERVENÇÃO
ESTANDO,ATÉ AGORA, A SEDES MUITO
AUSENTE DA VIDA PÚBLICA E PUBLICADA?
Como diz acima o Ambrósio, não há gente em comum na SEDES e no Compromisso? Este parece ter dado o berro. A oportunidade? Talvez algum oportunismo. Porém, o assunto merece reflexão por parte dos visados, ou não?
Vejamos:
O desemprego alastra, nomeadamente, no Norte, com milhares de diplomados a exercerem funções de repositores nos hiper-mercados.
A carga fiscal aumenta, com uns sabidolas a elevarem os seus lucros, ainda que os impostos baixem. Veja-se o caso dos ginásios e dos automóveis, em que os preços se mantiveram.
Ninguém explica a estória do Casino de Lisboa e dos 300 despachos do Telmo.
As fotocópias do Paulino, ficaram assim, tal como a estória dos submarinos.
Ficamos sem saber se as "maisons" do eng.º Sócrates foram ou não da sua autoria.
Do processo Casa Pia já ninguém se lembra.
O Apito Dourado vai pelo mesmo caminho.
Do sobrinho da Suiça nada se sabe.
Da Felgueiras de Felgueiras não vai sobrar nada.
Os sobreiros já não dão cortiça, na Comporta e na Vargem Fresca.
O BCP parece um antro do Al Capone.
Droga desaparece da esquadra que a guardava.
A dita noite do Porto não ata nem desata, antes pelo contrário.
O Bexiga apanhou no focinho e se calhar vai apanhar mais.
O bastonário da Ordem dos Advogados fala e os correlegionários ficam em pulgas.
O aeroporto de Lisboa que era na Ota, passou para Alcochete, onde era suposto que "jamais".
Os acordos entre partidos, que se rasgam.
Os eputados-advogados, que jogam em todos os tabuleiros.
As pensões de reforma escandalosas de que vamos tendo conhecimento.
A "guerra" nos serviços de saúde.
As inundações na região de Lisboa, de que ninguém é culpado, a não ser S. Pedro, que não se pode defender.
Mais? É só pedir. Estas são recentes.
O Zé-povinho não está atento a tudo isto? A albarda começa a pesar e um dia destes dá uns coices e quem estiver mais à mão, melhor, à pata, vai apanhar.
Segundo o Público de hoje, o director financeiro do CDS, Abel Pinheiro, ouviu de Paulo Portas, por telefone, o seguinte:"Olha que o Telmo assinou aquilo!" E pergunta o Pinheiro:"Estamos a falar do Mário [Assis Ferreira]". "Não. Do Mário, sim. Da tua coisa". "Ah. Do meu caso. Já o tenho aqui na mão e foi um fantástico despacho".
Isto, depois de uns dias antes, o Pinheiro ter dito:[Telmo Correia] está numa indecisão hamletiana com relação ao seu futuro e desapareceu do ministério há dez dias", que chegou a pôr a hipótese de recorrer ao "cobrador do fraque" para o encontrar, pois precisava do despacho, que terá sido cozinhado pela Estoril Sol.
Mais palavras para quê? São artistas portugueses.
Assim, tendo a concordar com o comentário do Anónimo que me antecede.
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