EXPRESSÕES CORRENTES

ADVOGADO DO DIABO
Em geral, a expressão designa todo aquele que defende uma causa ou ideia contrária ao interesse geral.
Vejamos donde proveio a frase, a sua origem, que não se coaduna, completamente, com a definição actual. Para isso teremos de compreender o ponto de vista da Igreja Católica Romana, aquando da canonização de qualquer candidato a santo. O procedimento das congregações romanas, no que se relaciona com o culto dos santos é, relativamente, rigoroso. Em princípio, os esforços secretos da parte de amigos no intuito de favorecer a causa de um santo podem, em vez de concorrer para fazer avançar o processo, ser-lhe prejudiciais. Antes de a causa entrar em discussão, deixam-se passar longos anos, de modo a que o entusiasmo prosélito se possa dissipar. Ao mesmo tempo vão sendo coligidas todas as informações sobre a vida do santo. Finalmente, um dos mais experimentados teólogos romanos é nomeado para aprofundar a causa, até ver se lhe descobre qualquer ponto fraco capaz de o afectar. As dificuldades que por ele forem levantadas têm de ser rebatidas, satisfatoriamente; as dúvidas que ele for apresentando têm de ficar completamente esclarecidas antes de o processo poder ter andamenmto. O seu papel é, até certo ponto, o do promotor da justiça dos tribunais. Daí que esse prelado fosse chamado Promotor fidei, promotor da fé, e era, quase sempre, um cardeal (donde, também, «cardeal-diabo»). Em linguagem vulgar esse promotor era conhecido por «advogado do Diabo». A sua função, como se disse, era descobrir os defeitos e fraquezas daquele a quem se pretendia santificar e tinha por obrigação fazer tudo quanto estivesse ao seu alcance para encontrar razões que pudessem impedir essa canonização. Por seu turno, outro advogado tinha funções opostas, isto é, procurava demonstrar que o candidato, em toda a sua vida, agira de modo a ser santificado. Chamava-se ao advogado do Diabo advocatus diaboli e ao seu contraditor advotacus dei, advogado de Deus.