ÁRVORE DAS PATACAS
A expressão consagrou-se sobretudo na versão frásica «abanar a árvore das patacas».
Sugiu, com frequência, no século passado (embora venha detrás, dos tempos da exploração do ouro brasileiro), referindo-se aos portugueses que, devido às condições de extrema pobreza do interior, emigravam para o Brasil, então renascente no seu desenvolvimento económico. Era normal que o «português de torna-viagem», salvo os casos de infelicidade pessoal, regressasse rico, por vezes fabulosamente rico. Aos que partiam se dizia que iam «abanar a árvore das patacas». Revelava-se de grande facilidade esse enriquecimento em terras de Vera Cruz. A pataca era, em meados do século XIX, no Brasil, uma moeda de prata que, ao câmbio português da época, correspondia a 320 réis, enquanto o pataco nacional, moeda de bronze, valia 40 réis. A imagem de uma árvore coberta de moedas de prata (em oposição às nossas de bronze) que bastaria «abanar» para se enricar confirma a grande expressividade da linguagem popular. Nos últimos tempos, a frase, que desapareceu na sua realidade histórica quando a emigração rumou para outros destinos, voltou à actualidade com o afluxo a Macau (*), onde as circunstâncias determinaram uma situação favorável à formação de fortunas. Curiosamente, a moeda oficial de Macau também se chama «pataca».
In Dicionário de Expressões Correntes, de Orlando Neves
(*) O Dicionário é uma edição de Julho de 2000 (nota do postador)
4 comentários:
Vou dormir.
O Ambrósio ainda não acordou?
Para mal e desespero da expressiva maioria dos portugueses, ainda hoje (sobretudo hoje, vejam-se as estatísticas neste blogue publicitadas) há muitos nossos compatriotas que "enricam" como se tivessem não uma, mas milhares de "árvores das patacas". A partir de certo nível (elevado qb), qual a utilidade marginal de mais ou menos um milhão? Isto num país onde prolifera a miséria, quantas vezes escondida... Atenção!, não defendo que, porque não podemos ser todos ricos, devemos ser todos pobres. Defendo, isso sim, que a todos os cidadãos deve ser assegurado o mínimo de subsistência digno de pessoas e não de animais (irracionais).
Ora aqui está um comentário que mereceria desenvolvimento. O "mundo" dos blogues é como o da informação em geral: as notícias de hoje já o não são amanhã (salvo casos muito mediáticos). Um dia destes talvez haja oportuniodade de voltar ao assunto.
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