P - A monarquia é o último reduto do patriotismo?"
R - "O último não. O Partido Comunista também é muito patriótico.
(Dúvida: tudo o mais é vende-pátrias?)
P- É respeitado nos países árabes?
R - Quando estou numa monarquia árabe sou descendente do profeta Maomé.
(E quando não está numa monarquia árabe, já não é descendente de Maomé?)
P - Porquê?
R - A rainha Santa Isabel era descendente de um príncipe árabe que era descendente de Maomé.
P - Isso é reconhecido em todo o mundo árabe?
R - É. Mas quando estou em Israel digo que o D. Afonso Henriques era descendente do Rei David.
(E quando não está em Israel já não diz o mesmo? Se estiver na Palestina, o D. Afonso I já será descendente de Maomé? Não pode, que eles não acreditam, depois das espadeiradas que o Conquistador amandou nos mouros).
P - Ofereceram-lhe empregos?
R - Sim, propuseram-me cargos de administrador em bancos (ainda bem que não aceitei, senão agora estaria preso). Não aceitei porque perderia a minha independência.
(Que me conste só há um banqueiro preso, não estão todos, felizmente).
P - Ocuparia nuito do seu tempo.
R - Não foi por causa disso, porque os administradores dos bancos não fazem nada.
(Ó Senhor Dom Duarte: não fazem nada? No mínimo, vão amealhando uns cobres para si próprios e para os amigos! E quando as coisas correm menos bem, chegam-se ao Estado, isto é aos contribuintes.)
P - As repúblicas são contranatura?
R - São. As repúblicas são contranatura. Excepto aquelas repúblicas muito tradicionais, como a Suiça, ou os EUA, onde, de algum modo, elegem um rei.
(Resumindo: não há regra sem excepção).
P - O Presidente americano é um rei?
R - Sim. Esteve mesmo para ser rei. E tem mais poder do que algum rei tem hoje em dia.
(Um rei? Quem e quando?)
Retirado de uma extensa entrevista ao suplemento do Público P2, de 1 de Dezembro.
Comentários, entre parêntis, do postador.
2 comentários:
Este senhor se não existisse tinha de ser inventado para a gente se rir um bocado.
Como é possível no século XXI este homem acreditar no Pai Natal?
Toda a gente sabe que sou um republicano ferrenho e dos quatro costados. Mas numa coisa aponta Dom Duarte para uma verdade (sem a chegar a dizer, porque é monárquico - e assim não consegue chegar cabalmente lá): o presidencialismo é mais parecido com uma monarquia clássica do que com uma república. E em países de cultura democrática europeia é mau. O presidente dos EUA (ou do Brasil) têm muito mais poder que um rei constitucional de uma democracia parlamentar. São sistemas diversos. São países muito grandes que talvez necessitem dessa centralização para não se desagregarem...
De todo o modo, uma República não se define apenas (nem quiçá sobretudo) por não ter um chefe de Estado com coroa. Evidentemente que a monarquia é antidemocrática logo no topo do Estado (porque é vitalícia, e, em geral, hereditária)... Mas entre essa limitação (macro-política) e uma ditadura pseudo-republicana (por exemplo, o nazismo e o salazarismo eram teoricamente repúblicas) que faz sentir a sua opressão a todos os níveis, vai distância... Por isso houve monárquicos de mãos dadas com socialistas, comunistas, e outros na oposição ao Estado Novo.
Sobretudo o que é importante é alertar para os perigos do presidencialismo, e dos mini-presidencialismos quotidianos, que são verdadeiros problemas quando uma democracia está em crise. E há sempre pseudo-salvadores a clamar por esse tipo de mudanças... Sobretudo na Europa e em Portugal, seria grave essa ruptura constitucional.
Dom Duarte é uma figura politicamente incorrecta. Mas tenho mais medo do Dom Sebastião, ainda que venha com um barrete frígio.
Vou publicar no Brasil precisamente um livro sobre isto...É um tema para um possível futuro debate, aliás...
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