sábado, 9 de maio de 2009

O QUE ELES DIZEM DA CRISE

A actual crise económica, de origem financeira, em que os banqueiros e gestores tiveram um papel central, «jogando» com o dinheiro dos outros e perdendo-o, enquanto recebiam prémios chorudos por isso, está a criar uma terceira via político-económica em Portugal, assim como noutros países europeus e até nos EUA.
A opinião é de Steven Pearlstein, um jornalista e colunista do «Washington Post» que, estando em Portugal, encontra no nosso País algumas semelhanças com o que se passa do outro lado do Atlântico: a revolta das pessoas com os banqueiros e gestores, que brincaram com o dinheiro de todos, debaixo do nariz dos reguladores, que pareciam cegos para tudo o que se passava. E o que mais irrita os europeus, diz Pearlstein, «é a facilidade como esta praga de ganância e falta de regulação atravessou o Atlântico, lançando as economias do Velho Continente numa recessão que se espera que seja ainda mais profunda e mais longa do que será no país onde tudo começou».
Uma situação que, refere, está a levar ao surgimento de uma terceira via, ajudada pelo ressurgimento do pensamento de esquerda, por oposição ao capitalismo que predominava até aos tempos mais recentes. «Como chefe do Governo socialista, Sócrates passou os últimos quarto anos reduzindo o peso do Estado, combatendo o défice orçamental, desafiando os sindicatos e intervindo na regulação dos mercados. E qual é a sua recompensa? Uma crise económica que voltou a colocar o país numa situação orçamental difícil e que impulsionou as intenções de voto no partido comunista», escreve o colunista.
Caso português tem paralelo por toda a Europa
O caso português repete-se um pouco por toda a Europa. Por exemplo, em França, sucederam-se os casos de gestores sequestrados por trabalhadores. Na Suécia e Suíça, as empresas revogaram os planos de prémios para os executivos de topo. Um pouco por todo o lado, a população revolta-se e pede impostos mais altos sobre os ricos.
O colunista elogia algumas das políticas do Governo, e a questão da avaliação dos professores é uma delas. «Aqui em Portugal, enormes protestos dos professores encerraram recentemente a capital, mas não conseguiram desviar o plano de Sócrates para exigir a avaliação anual dos professores, num sistema de ensino público que tem um dos maiores custos e um dos menores resultados da Europa», diz.
Quanto ao «plano de Portugal, para solidificar a sustentabilidade da Segurança Social, associando a idade de reforma à esperança média de vida, mantendo a possibilidade de as pessoas escolherem se querem reformar-se mais cedo, com benefícios um pouco menores», Pearlstein diz que os EUA deviam considerar aplicar algo semelhante. Mas o maior elogio do colunista vai para a aposta nas energias renováveis, quer na eólica, quer na hídrica. «O que é notável é que tudo isto foi alcançado sem um subsídio estatal e sem favorecer o antigo monopólio energético do país, a EDP, onde o Estado continua a deter uma posição minoritária».
EUA mais responsáveis e Europa mais racional
«Nos tempos de Bill Clinton e Tony Blair, havia muita «conversa fiada» sobre uma terceira via que iria combinar os melhores aspectos do capitalismo anglo-americano com a segurança social e económica prevalente na Europa. Se Portugal serve de indicação, a Europa tem vindo a tomar medidas no sentido de um capitalismo de mercado desde então». E «agora que Barack Obama é um dos políticos mais populares na Europa e que a sua administração se tem esforçado por implementar uma governação mais baseada na competência, a convergência parece novamente possível», conclui.

1 comentário:

oportuno disse disse...

Jogaram..perderam...mas o dinheiro é de TODOS...na América já estariam Todos presos...e Obama é que nos vai salvar desta Crise..


Metam-nos Todos na Cadeia...