O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, colou-se ontem às declarações do Presidente da República (PR) para defender que Portugal deve beneficiar de algumas das condições aplicadas à Grécia. “Concordo”, disse o líder do CDS, depois de Cavaco Silva ter defendido que não encontra razões para que “não seja reduzida a comissão que é cobrada a Portugal pelos empréstimos que recebeu do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira” e “para que não seja alargado o período de reembolso dos empréstimos do Fundo de Europeu de Estabilidade Financeira”.
A confusão instalou-se no governo com Passos e Gaspar a recuarem na defesa de que - como disse o primeiro-ministro na entrevista à TVI - “está adquirido que tudo o que vigorar em qualquer dos programas de ajustamento deve ter uma regra de igualdade de tratamento nos restantes”.
Uns dias depois, o chefe do governo recuou e garantiu que “não queremos ter uma solução idêntica à da Grécia”.
O CDS é que não alinhou com as alterações nos discursos de Passos Coelho e de Vítor Gaspar e, na Assembleia da República, o deputado centrista, João Almeida, deixou logo na quarta-feira um sinal de divergência. “Portugal deve reivindicar a aplicação de regras idênticas àquelas que forem aplicadas a qualquer outro Estado que esteja sob programa de assistência”. Um dia depois, Paulo Portas, à boleia do chefe de Estado, dizia o mesmo por outras palavras: “Portugal deve evidenciar a regra segundo a qual quando há circunstâncias institucionais semelhantes se aplicam regras semelhantes”.
Perante as contradições sobre a posição do governo, Miguel Macedo - um dos quatro ministros que falou sobre este assunto - optou por adiar uma posição definitiva para o debate de hoje na Assembleia da República. O ministro admitiu, porém, que existe “alguma confusão” sobre a posição portuguesa.
Quem não deixou passar estas contradições foi o ex-líder do PSD, Marque Mendes, que acusou o governo de ter conduzido “mal” este processo. No comentário na TVI 24, Mendes diz que o governo deu “uma imagem péssima”. Mas as maiores críticas foram para o ministro das Finanças, que “em vez de falar com verdade ao país (...) resolveu tratar os portugueses como atrasados mentais, resolveu fazer dos portugueses parvos”. “É assim que os ministros perdem credibilidade”, acrescentou Mendes, realçando que o PR se demarcou de forma hábil do governo. No mesmo dia, o CDS anunciou que está a ultimar uma carta para enviar à troika. É a primeira vez que o partido de Portas sente necessidade de comunicar directamente com a troika para definir as prioridades do CDS na próxima avaliação. Os centristas querem deixar claro, de acordo com o “Sol” que a redução estrutural - e não só nominal - da despesa pública é essencial para permitir equilibrar as contas e reduzir a carga fiscal. Até agora, o único partido a fazê-lo foi o PS.
QUE COLIGAÇÃO É ESTA SENHOR PRESIDENTE DA REPUBLICA?
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