sábado, 13 de abril de 2013

A conselheira da União Europeia sublinha que Portugal deve renegociar o memorando e pedir aos outros países para flexibilizar as metas do défice. O Governo tem de explicar aos parceiros europeus que, sem um alívio, vão destruir-se empresas e empregos, defende.
Maria João Rodrigues, que falou à imprensa à entrada da conferência “Portugal na balança da Europa e do Mundo”, considera que a extensão, em sete anos, das maturidades dos empréstimos a Portugal, é “claramente positiva, é o reconhecimento de esforço real que está a ser feito por Portugal. Mas não será suficiente. “Acho que devemos dizer que isso não vai chegar, temos de melhorar as nossas condições de financiamento para voltar a crescer, e só crescendo é que temos melhores condições para reduzir e pagar a nossa dívida”, defendeu.

A ex-ministra do Emprego aconselhou Portugal a “explicar aos nossos parceiros europeus que é também do interesse deles que as condições de financiamento melhorem”. A Europa está receptiva porque “temos um capital de credibilidade que tem a ver com o facto de o País, até agora, com um nível de consenso bastante elevado, ter conseguido cumprir um plano que é muito difícil e que está a ter custos sociais muito elevados”.

“Devemos dizer a verdade: temos aspectos positivos, como um desequilíbrio externo mais pequeno, mas estamos a ter aspectos muito negativos como o desempregado mais elevado e uma recessão, e isso tem de ser explicado aos nossos parceiros”, apontou. O principal objectivo do Governo deve ser “evitar que o nosso País caia numa espiral recessiva. Esse é o objectivo central”, sustentou.

Portugal precisa de mais tempo para equilibrar as finanças e reduzir o défice

E isso não será uma renegociação? “Sim, é uma renegociação, não devemos ter medo das palavras”. É preciso, contudo, dizer que “o País vai cumprir o seu objectivo, que é o de pagar o que tem de pagar, e de reequilibrar as finanças públicas e tornar a economia competitiva”. A verdade é que “é muito mais fácil fazer isto se tivermos uma retoma do crescimento e se o ritmo da redução do défice for mais razoável. Não podemos permitir que a redução do défice se traduza em destruir empresas e empregos viáveis”, alertou.

Maria João Rodrigues aconselha o Governo a “explicar que a consolidação orçamental, a redução do défice, deve ser feita com persistência, mas sempre poupando a nossa capacidade produtiva” porque Portugal não pode “destruir empregos” e empresas “que são viáveis, essa é a regra de ouro que tem de ser respeitada”. De resto, “é do interesse dos nossos parceiros que essas empresas e esses empregos possam sobreviver”.

“Isto tem de ser explicado assim, e se for, vamos conseguir bastantes aliados nas instâncias europeias”, garante Maria João Rodrigues.

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