terça-feira, 9 de abril de 2013

A UNIÃO MONETÁRIA TORNOU-SE O INSTRUMENTO DE UMA REGRESSÃO ECONOMICA E SOCIAL

" Até à crise  de 2008, o Banco Central Europeu conduziu uma política monetária excessivamente rigorosa, fonte de subatividade e de desemprego, e responsável por uma sobrevalorização do euro que penaliza gravemente a economia francesa, bem como a dos outros países do Sul da Europa.

Deapossados dos instrumentos das taxas de juro e da taxa de câmbio, obrigados pelo Pacto de Estabilidade em matéria de política orçamental, entregues finalmente a uma livre concorrência exacerbada pelo alargamento da União Europeia, os governos instrumentalizaram este conjunto de imposições para justificar políticas de desinflação competitiva na redução dos custos salariais, na intensificação do trabalho, na exoneraºção dos descontos fiscais e sociais que pesam sobre as empresas e nos rendimentos do capital. Esse dumping fiscal e social, associado à hemorragia dos recursos públicos que gera, serviu igualmente para justificar e degradação ou a privatização dos serviços públicos.

Devido à "união" monetária,  a zona euro transformou-se em zona de desunião dos POVS, que vira trabalhadores uns contra os outros, corroi o seu poder de compra, restringe os seus direitos sociais e degrada os seus serviços públicos. A união, aqui, já não faz a força dos POVS, no sentido de estes melhorarem o seu destino, mas a força de governos retrógados imporem cada vez mais sacrificios e rigor aos assalariados.

Assim sendo, já o vimos, quando ocorreu a crise financeira internacional de 2008, e, na sequência, rebentou a crise da dívida pública na zona euro, a união monetária não serviu para proteger os países vítimas da especulação, muito pelo contrário. Diante desta crise, o euro não teve qualquer efeito protetor. os países membros da zona euro atacados pelos especuladores viram, pelo contrário, ser-lhes impostas taxas de empréstimos exorbitantes. Em vez de reagirem contra os especuladores responsáveis pela crise, os governos da zona euro escolheram que fossem os trabalhadores a pagar a crise; condicionaram o seu apoio aos países atacados à aplicação de uma cura  de austeridade. E aplicaram assim aos europeus o sinistro método dos "planos de ajustamento estrutural"  que o Fundo Monetário Internacional inflige sistematicamente aos países pobres e/ou sobre-endividados. Esta política é, a curto prazo, insustentável no plano social e, logo à partida, perfeitamente estúpida no plano economico; a austeridade combinada num conjunto de países cujas economias são solidárias condena a zona euro a uma longa atonia da atividade, que só servirá para acentuar a crise das finanças públicas em vez de a diminuir.

As reformas recentemente adotadas incidem ainda sobre a faceta neoliberal e antidemocrática da zona euro.

Com o Pacto Euro Plus, o método do FMI  - o dos planos de ajustamento estrutural - será integrado nas instituições europeias; para beneficiar do mecanismo de solidariedade financeira, um Estado deverá envolver-se num programa de austeridade e de regressão social. Com o "semestre europeu" os governos instituem uma forma de tutela da Comissão Europeia sobre os orçamentos nacionais; estes deverão ser analisados pela comissão, antes do debate nos parlamentos nacionais. Assim, embora a crise provocada pelos especuladores justificasse, sem margem de dúvida, o ajustamento dos mercados financeiros, vemos que, pelo contrário, ela é invocada para colocar os POVOS na ordem, para privar da sua soberania os cidadãos suscetíveis de se oporem às políticas neoliberais de regressão social".

Mais um contributo para alertar que existe outro caminho e outras políticas.
Temos de lutar com os meios que temos para derrotar este absurdo e este cancro que nos ataca diariamente. O NEOLIBERALISMO não pode continuar. VAMOS DERROTÁ-LO.  

Do livro "NÓS PODEMOS" de JACQUES GÉNÉREUX.  

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