Augusto Mateus: "Não se pode ser ministro e aprendiz de feiticeiro"
03 Abril 2013, 23:01 por Inês Balreira |
A criação de sinergias, uma banca forte e uma estratégia de crescimento económico são algumas das soluções para o país atravessar a crise. Porém, mais que isto, é necessário uma “sociedade civil forte” que “condicione a actuação do Governo. Estas foram as principais conclusões do encontro “Olhar o Futuro 2013”.
“O que falta a Portugal é uma sociedade civil forte que condicione a actuação do Governo”, apontou Vítor Bento, presidente do conselho de administração da SIBS, como um dos factores essenciais para o país sair da crise que atravessa.
Segundo o economista, em Portugal é preciso fazer deter o poder para fazer “o bem” e “isso é maquiavélico”. “A conquista do poder é mais importante do que a forma de conquistar o poder”, afirmou Vítor Bento durante o encontro promovido esta quarta-feira pelo “Expresso” e pelo Deutsche Bank, defendendo a necessidade de um envolvimento maior da esfera pública na vida política.
Augusto Mateus, presidente da AM consultores e ex-ministro da Economia, partilha da mesma opinião: “é necessário encontrar formas da sociedade civil participar mais nesta emergência”. “A sociedade portuguesa tem de ser capaz de se erguer e calar quem está a minar a economia”, considerou.
O ex-ministro defendeu ainda que a escolha dos governantes não pode ser apenas feita com base na oratória e nos círculos internos dos partidos, pois a “principal vontade de um governante é interpretar a vontade de um povo”. “As pessoas têm de ser escolhidas consoante o seu nível de participação activa na cidadania”, acrescentou.
Um país sem estratégia de crescimento económico
Uma das opiniões transversais aos oradores do encontro é o facto de Portugal não possuir uma estratégia de crescimento económico.
“Não há estratégia económica em Portugal”, declarou o presidente do Deutsche Bank em Portugal, Bernardo Meyrelles. “O Governo tem uma estratégia financeira e não uma estratégia económica”, referiu por seu lado Augusto Mateus. Segundo o ex-ministro, a austeridade do governo está “mais próxima da austeridade estúpida do que da austeridade inteligente”. “As pessoas têm medo da solução e não do problema”, acrescentou, revelando que o país tem medo da competitividade que conduz à criação de emprego.
Para fomentar a competitividade é necessário o acesso das empresas ao crédito concedido pela banca. Mas, segundo o presidente do Deutsche Bank, o país não sabe o que quer da banca. “É preciso pensar na banca que queremos para que possamos ter estímulos”, disse, considerando ainda que para uma “economia forte é preciso uma banca forte”, situação que não acontece no país.
Actualmente, o país não é atractivo para a banca estrangeira e fica consignado à banca doméstica. Contudo, a banca interna não é capaz de dar resposta ao estímulo que o país precisa, afirmou Bernardo Meyrelles. O presidente do banco alemão em Portugal apontou nova legislação e a criação de um “banco mau” como algumas das condições que estimulariam uma banca forte que fosse capaz de responder às necessidades do país.
“Não se pode ser ministro e aprendiz de feiticeiro”
Apesar de o discurso ter girado em torno da crise, o optimismo marcou o encontro, ficando a nota de que a crise tem solução. “Há muito potencial em Portugal, o que me leva a concluir que o que se tem de mudar é o modelo de governo e promovermo-nos muito mais”, salientou Bernardo Meyrelles.
“Temos muitas razões para o optimismo, agora depende de se acreditamos em nós próprios”, afirmou por seu lado Vítor Bento.
Já Augusto Mateus asseverou que “há ciência, técnica e experiência. O que é preciso é ter coragem política e técnica para montar as soluções”. O ex-ministro deixou dois exemplos: “não se pode mexer nos impostos numa lógica de necessidade. Tem de ser numa lógica de relação entre o estado e a economia. Não se pode ser ministro e aprendiz de feiticeiro”.
Segundo o economista, em Portugal é preciso fazer deter o poder para fazer “o bem” e “isso é maquiavélico”. “A conquista do poder é mais importante do que a forma de conquistar o poder”, afirmou Vítor Bento durante o encontro promovido esta quarta-feira pelo “Expresso” e pelo Deutsche Bank, defendendo a necessidade de um envolvimento maior da esfera pública na vida política.
Augusto Mateus, presidente da AM consultores e ex-ministro da Economia, partilha da mesma opinião: “é necessário encontrar formas da sociedade civil participar mais nesta emergência”. “A sociedade portuguesa tem de ser capaz de se erguer e calar quem está a minar a economia”, considerou.
O ex-ministro defendeu ainda que a escolha dos governantes não pode ser apenas feita com base na oratória e nos círculos internos dos partidos, pois a “principal vontade de um governante é interpretar a vontade de um povo”. “As pessoas têm de ser escolhidas consoante o seu nível de participação activa na cidadania”, acrescentou.
Um país sem estratégia de crescimento económico
Uma das opiniões transversais aos oradores do encontro é o facto de Portugal não possuir uma estratégia de crescimento económico.
“Não há estratégia económica em Portugal”, declarou o presidente do Deutsche Bank em Portugal, Bernardo Meyrelles. “O Governo tem uma estratégia financeira e não uma estratégia económica”, referiu por seu lado Augusto Mateus. Segundo o ex-ministro, a austeridade do governo está “mais próxima da austeridade estúpida do que da austeridade inteligente”. “As pessoas têm medo da solução e não do problema”, acrescentou, revelando que o país tem medo da competitividade que conduz à criação de emprego.
Para fomentar a competitividade é necessário o acesso das empresas ao crédito concedido pela banca. Mas, segundo o presidente do Deutsche Bank, o país não sabe o que quer da banca. “É preciso pensar na banca que queremos para que possamos ter estímulos”, disse, considerando ainda que para uma “economia forte é preciso uma banca forte”, situação que não acontece no país.
Actualmente, o país não é atractivo para a banca estrangeira e fica consignado à banca doméstica. Contudo, a banca interna não é capaz de dar resposta ao estímulo que o país precisa, afirmou Bernardo Meyrelles. O presidente do banco alemão em Portugal apontou nova legislação e a criação de um “banco mau” como algumas das condições que estimulariam uma banca forte que fosse capaz de responder às necessidades do país.
“Não se pode ser ministro e aprendiz de feiticeiro”
Apesar de o discurso ter girado em torno da crise, o optimismo marcou o encontro, ficando a nota de que a crise tem solução. “Há muito potencial em Portugal, o que me leva a concluir que o que se tem de mudar é o modelo de governo e promovermo-nos muito mais”, salientou Bernardo Meyrelles.
“Temos muitas razões para o optimismo, agora depende de se acreditamos em nós próprios”, afirmou por seu lado Vítor Bento.
Já Augusto Mateus asseverou que “há ciência, técnica e experiência. O que é preciso é ter coragem política e técnica para montar as soluções”. O ex-ministro deixou dois exemplos: “não se pode mexer nos impostos numa lógica de necessidade. Tem de ser numa lógica de relação entre o estado e a economia. Não se pode ser ministro e aprendiz de feiticeiro”.
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