terça-feira, 16 de abril de 2013

" O FMI, inimigo público nº. 1 tanto no Norte como no Sul" do llivro " A CRISE DA DIVIDA" de Damien Millet - Éric Toussaint.

" Desacreditado pela catástrofe social das políticas que impôs ao Sul, o FMI aproveitou a CRISE que eclodiu em 2007-2008 para retomar o pé e generalisar no Norte as mesmas políticas nefastas. Mas o que é exatamente o FMI?

Tal como o Banco Mundial, sua instituição gémea, o FMI foi criado em 1944 em Bretton Woods. A  gestão quotidiana das missões do FMI está delegada no conselho de administração composto por 24 membros. Os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha, a França, o Reino Unido, a Arabia Saudita, a China e a Russia têm o privilégio de poder nomear um administrador. Os restantes 16 são nomeados por grupos de países.

Uma regra tácita determina que o cargo de diretor-geral esteja reservado a um europeu. O francês Michel Camdessus dirigira o FMI entre 1987 e 2000, antes de se demitir na sequência da CRISE no Sudeste Asiático. O alemão Horst K ohler substitui-o, até à sua demissão em 2004, para se tornar presidente da República Federal da Alemanha. Sucedeu-lhe o espanhol Rodrigo Rato, até se demitir em 2007. para entrar para o banco Lazard, em Londres, e depois para o banco espanhol Santander. O socialista liberal francês Dominique-Strauss Kahn foi então nomeado, tendo-se demitido em maio de 2011, na sequência de acusações de agressãom sexual. Foi substituido pela antiga ministra das Finanças francesa, Christine Lagarde.

O número 2 do FMI é sempre um representante dos Estados Unidos, cuja influência no seio da instituição é preponderante. Desde Setembro de 2006, esse cargo é ocupado por John Lipsky, antigo economista chefe do JP Morgan, um dos principais bancos de investimento dos Estados Unidos. Lipsky, já havia alertado, em Março de 2010, os governos dos países desenvolvidos para o fato de deverem "preparar" as suas opiniões públicas para as medidas de austeridade que por aí vinham. "a amplitude dos ajustamentos que irá ser necessário implementar é de tal modo grande que correm o risco de se traduzir num recuo das prestações de saúde e reforma, uma redução das despesas públicas e uma subida dos impostos".

Ao contrário de uma instituição democrática, o FMI atribui um lugar prepondrante aos Estados Unidos  (mais de 16% dos direitos de voto), seguidos do Japão e da Alemanha. Os países mais industrializados reinam nele como senhores, com mais de 60% dos direitos de voto no conselho de administração. A título de comparação, o grupo liderado pelo Togo, que reune 24 países da África negra (francófonos e lusófonos) e representa 233 milhões de individuos, possui apenas 1,55% dos direitos de voto. É necessário uma maioria de 85% para todas as decisões importantes que comprometam o futuro do FMI, o que concede aos Estados Unidos um direito de veto de facto. Se os outros 186 países desjassem uma reforma radical do FMI contrariando a opinião dos Estados Unidos, a sua aprovação seria, simplesmente im possível.

As missões do FMi estão definidas nos seus estatutos, sendo, entre outras: "facilitar a expansão e o crescimento harmonioso  do coércio internacional e contribuir assim  para a instauração e manutenção de níveis elevados de emprego e de rendimento real, e para o desenvolvimento dos recursos produtivos de todos os Estados-Membros, objectivos primeiros da política económica." Nos factos, a política económica do FMI contradiz os seus estatutos, uma vez que não favoorece o pleno emprego, tanto nos países mais industrializados como nos países em desenvolvimento. O FMI pode ter um enorme peso sobre as orienttações políticas e económicas dos seus países-membros. Para tal, não hesita em ultrapassar os seus direitos.

Em toda a parte, o FMI favoreceu a liberalização total dos movimentos de capitais, que constitui uma das principais causas das crises financeiras que atingiram em cheio inumeros países. O levantamento de todos os controlos aos movimentos de capitais incentiva a especulação e está em contradição com a secção 3 do artigo 6º. dos estatutos do FMI, que afirma nomeadamente: " os Estados-Membros podem tomar as medidas de controlo necessárias para regulamentar os movimentos internacionais de capitais." Consequentemente, a exigência do levantamento de todos esses controlos pelo FMI constitui, sem dúvida, uma violação do espírito dos seus estatutos. O fracasso das políticas que impõe, demonstrada desde há anos do Sudeste Asiatico à Grécia, passando ppela Argentina e a Russia, infringe também esses estatutos que precisam que o FMI coloca "os recursos gerais do fundo temporariamente à disposição (dos Estados-Membros) ...) sem recorrer a medidas prejudiais à prosperidade nacional ou internacional." No que a isto se refere, o FMI é um deliquente reincidente.

A partir de 2004, o importante das cotações das matérias primas provocou um crescimento líquido das reservas de divisas dos países em desenvolvimento que atingiam, em 2008, o triplo das do Japão,  da Europa Ocidental e da América do Norte juntas. Vários países do Sul (Brasil, Argentina, Uruguai, Indonésia e Filipinas, ...) utilizaram-nas para pagamentos antecipados ao FMI, reduzindo assim a dependência em relação a ele. Após uma baixa nítida do montante em dívida dos créditos do FMI aos seus Estados-Membros que tinham enorme desconfiança em relação à sua tutela incómoda, a CRISE que eclodiu em 2007-2008 forneceu-lhe o pretexto ideal para multiplicar os empréstimos aos países europeus e impor, em contrapartida, uma austeridade dramática para os povos. No fim de janeiro de 2011, os seus principais clientes eram 3 países europeus: a Roménia, a Ucrânia e a Grécia. Assim a Europa tornou-se o seu campo de jogos...
O FMI regressou em força. Após anos de vacas magras, muitos eleitos, economistas e jornalistas louvaram o papel do FMI na CRISE internacional desde 2007. Mas, aproveitando esta confusão para impor ao Norte os remédios desnaturados que exigiu ao Sul desde a década de 1980, o FMI não previu , de modo algum, a CRISE. Em termos globais, pelo menos até aos mês de Outubro de 2007, as mensagens do FMI eram otimistas. Apoiavam a opinião dominante segundo a qual o mundo entrara num período de "grande moderação" caracterizado por um forte crescimento mundial e uma fraca volatilidade financeira, podendo doravante serem evitadas as recessões graves. Assim, o FMI anunciava em Abril 2007 que "o crescimento mundial deveria continuar a ser vigoroso em 2007 e 2008.".

Poderia continuar, mas penso que a partir de 2008 toda a gente sabe o que aconteceu e o desastre e o que estamos a pagar pelos falhanços do FMI e da UE.
A economia de casino e o ataque dos especuladores à Europa provocaram a FOME. o DESEMPREGO E A MISÉRIA. O NEOLIBERALISMO QUE HÁ MAIS DE 35 ANOS NOS QUEREM IMPOR PARA BENEFICIO DE POUCOS, ESTÁ NA FASE DECADENTE.
É PRECISO NÃO BAIXAR OS BRAÇOS E DAR UMA LUTA SEM TRÉGUAS.
É O MODELO ECONOMICO QUE ESTÁ PROFUNDAMENTE ERRADO E AS POLÍTICAS IMPOSTAS PELAS VÁRIAS TOIKAS NÃO RESULTARAM COMO SE ESTÁ A VERIFICAR.
KRUGMAN CHAMA-LHES "SÁDICOS" EU FICAVA SÓ PARA JÁ POR: CRIMINOSOS.      

     




         

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