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"Le Monde" diz que Barroso é um "camaleão"
Numa conversa a sós, na Irlanda, Barroso disse a Hollande que as suas críticas aos "reacionários" foram mal reportadas e não visavam a França. Português continua alvo de fortes críticas.
Na Irlanda do Norte, onde se encontra para a cimeira do G8, o Presidente francês François Hollande encontrou-se a sós com o presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, que continua a ser muito atacado em França pelas suas críticas aos "reacionários" que defendem a exceção cultural europeia nas negociações comerciais da União Europeia com os Estados Unidos.
Depois da reunião entre ambos, Hollande foi particularmente lacónico, não dando detalhes sobre o teor da conversa. "Disse-lhe que as suas declarações tinham suscitado, como dizer..., uma certa emoção, uma certa surpresa, e ele explicou-se", informou o chefe do Estado francês.
Declarações "mal transcritas"
Visivelmente, François Hollande não deseja lançar mais achas para a fogueira do conflito entre a Comissão Europeia e a França, cujo Governo é o principal defensor, na União Europeia, da exceção cultural.
No Eliseu também se sente a mesma preocupação de não agudizar ainda mais a crise entre Paris e Bruxelas. Uma fonte do palácio presidencial francês disse esta manhã ao Expresso que Durão Barroso garantiu a Hollande, no encontro mantido na Irlanda do Norte, que as suas críticas aos "reacionários" não visavam a França e que as suas declarações "foram mal transcritas pelo jornal".
"Devem respeitar-nos" - ministro da Economia e Finanças
Do ponto de vista da presidência francesa, o diferendo ficou deste modo, oficialmente, resolvido. Mas em França o debate continua muito aceso e Durão Barroso é alvo de ataques por vezes particularmente violentos.
Depois das críticas muito duras, ontem, da ministra da Cultura, de dirigentes políticos da direita e da esquerda e de personalidades do mundo cultural (ler textos relacionados), Pierre Moscovici, ministro da Economia e Finanças considerou esta manhã "chocantes" as declarações do presidente da Comissão.
"Nós respeitamos as instituições europeias e, como retorno, elas devem também respeitar-nos!", exclamou Moscovici. "A posição da França não é reacionária, é progressista!", acrescentou o ministro.
"Le Monde" muito duro com Barroso
As críticas ao presidente da Comissão Europeia são quase permanentes em sucessivos debates nas televisões francesas e em artigos na imprensa sobre o assunto.
Num editorial com o título "Sr. Barroso, você nem é leal nem respeitador!", o jornal "Le Monde" de hoje é particularmente duro com o português: "Hoje, aos 57 anos, este camaleão procura um futuro. À procura de um belo posto na NATO ou na ONU - quem sabe? - ele escolheu lisonjear os seus parceiros anglo-saxões, o primeiro-ministro britânico e o Presidente americano. À cabeça da Comissão, o Sr. Barroso foi um bom reflexo da Europa - uma década de regressão".
SENHOR BARROSO TENHA CUIDADO PARA NÃO SAIR DE GATAS.
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