segunda-feira, 22 de julho de 2013

A farsa de Cavaco

Paulo Gaião
                     
A história repete-se primeiro como tragédia  e depois como farsa, escreveu Marx
Em 1985, Cavaco e Eanes estragaram a vida ao PS. O primeiro rompeu com o Bloco Central e o segundo criou o PRD que roubou quase 20 por cento de votos aos socialistas e depois escancarou em 1987 a porta ao cavaquismo que esbanjou os dinheiros da Europa sem uma visão estratégica de futuro e das reformas estruturais indispensáveis.     
Hoje, Cavaco tentou estragar outra vez a vida PS, lançando-lhe o ónus da instabilidade política se rejeitasse o entendimento  com o PSD e o CDS. Entre os socialistas falou-se mesmo de cisão no partido, caso Seguro se rendesse a Cavaco.
Eanes chegou a ser apontado como o mediador que Cavaco preferia para tentar o acordo de salvação nacional.
Mas tudo acabou numa farsa de atores decrépitos, de onde o PS acabou por sair fortalecido.
Cavaco tornou-se o verdadeiro chefe de um governo de moribundos que há quinze dias vivia num clima de "grave crise política" (como disse o próprio Presidente da República) e hoje está numa situação ainda mais dramática, caminhando para o segundo pacote de resgate.
Eanes nem aceitava a mediação (propôs Silva Lopes), renunciando a tramar o PS e Cavaco nem lhe pediu que o fizesse nem se empenhou para o êxito do acordo.
Tudo sem nexo, sem propósito, sem consequência (como escreveu Pessoa).  
O Presidente da República nem eleições consegue marcar porque tem medo do seu resultado.
E não tem forças para criar um governo de iniciativa presidencial.
O país, extenuado, assiste a este filme irreal.
 
A VERDADE DEVE SER LEMBRADA.

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