sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Assessor de Passos omite no currículo uma década de trabalho no BPN


João Montenegro diz ao PÚBLICO que optou por referir as funções de ex-bancário e não a instituição em causa. Mas é a terceira omissão do género nas notas biográficas oficiais.
                               
  •              
“Não foi uma questão de omissão, pois a opção foi por colocar as funções que desempenhei na minha vida profissional, como ex-bancário, e não a instituição em causa”, explicou ao PÚBLICO João Montenegro. O assessor de Passos Coelho esclareceu que já este ano deixou, por sua iniciativa, a Parvalorem (o veículo estatal criado pelo governo para receber os activos tóxicos do BPN) e para onde transitou quando o BPN foi vendido ao BIC Portugal.

No Diário da República de 10 de Setembro deste ano, que formaliza a sua promoção de adjunto do primeiro-ministro a assessor, pode ler-se que esteve no sector “bancário como Técnico Administrativo e Gestor de Cliente”, mas não há qualquer referência ao BPN (onde esteve entre 2001 e 2013).

Já a sua curta passagem pelo grupo Amorim, onde trabalhou “entre 1998 e 2001” como “Gestor Comercial” é mencionada. Sobre a decisão de incluir no seu currículo oficial a Accor-Amorim e não o BPN, Montenegro (que não é familiar de Luís Montenegro) explicou: “Como o grupo Amorim tinha uma vertente de produção e de turismo, achei por bem fazer a descrição da Accor-Amorim”.

No Diário da República constam os cargos políticos desempenhados no PSD, onde foi entre 2010 e 2011 assessor do Grupo Parlamentar, “tendo colaborado directamente” com Passos Coelho, com quem foi para São Bento quando este ganhou as eleições em Julho de 2011. A sua  promoção a assessor implicou um aumento da remuneração de 3287 euros para 3653 euros. No mesmo despacho do governo, Montenegro é citado como um “técnico-especialista” no “âmbito das respectivas habilitações e qualificações”, embora com “o estatuto remuneratório” de assessor.

Não é a primeira vez que o Governo “apaga” do currículo dos seus colaboradores as alusões ao BPN/SLN. Os casos mais mediáticos foram os de Franquelim Alves, administrador da SLN em 2009, e que foi ex-secretário de Estado de Economia. Na altura, Franquelim Alves, que deixou o governo na última remodelação, explicou que dos dados que então enviou ao governo constava a sua passagem pela SLN (dona do BPN), “como não podia deixar de o fazer porque era público”. O ex-governante garantiu na altura desconhecer a razão que levou o Governo a apagar do seu currículo enviado à comunicação social a informação.

UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ.

Sem comentários: