Canal livre
Finalmente, o guião
por JOÃO MARCELINOHoje
1 Marques Mendes, que gosta de transmitir informações do Governo em primeira mão, havia revelado,
ufano, quatro dias antes: o guião tinha 90 páginas! Paulo Portas, provavelmente
irritado com a revelação prematura, mandou esticar ainda mais o corpo de letra,
aumentou a distância entre linhas e pôde assim sugerir ao oráculo, logo a abrir
a comunicação de quarta-feira passada, que revisse as fontes: o guião tinha,
afinal, 112 páginas de propostas para a reforma do Estado.
O pormenor não é lateral. Ele encerra a compreensão do espírito que preside à coabitação entre PSD e CDS no rescaldo dos destroços do verão passado. Mostra que os dois parceiros continuam a viver em permanente despique, dentro e fora do governo.
E para que não ficassem quaisquer dúvidas, Paulo Portas também referiu ainda, desta vez para Pedro Passos Coelho ouvir, que estas propostas não devem ser confundidas com os cortes que têm sido feitos até agora. Isso: cortes! E esta deve ter doído mais.
2 O pós-troika já começou e tem duas dimensões. Uma é técnica, nacional, tem que ver com a construção de um País sustentável, capaz de se financiar com recurso à sua credibilidade. A outra é política, de sobrevivência pessoal, e joga-se nas inevitáveis eleições que Cavaco Silva colocou na ordem do dia quando propôs um entendimento entre PS e maioria governamental a troco da ida antecipada às urnas, logo depois da presumível saída da troika. Parece que o Presidente já não se lembra, pelo menos a crer nos seus próprios queixumes, mas foi assim que as coisas se passaram.
Paulo Portas, que andou nove meses para dar vida ao guião, teve tempo para pensar em tudo, até nele e no CDS. É por isso que o guião é programático q.b. e muito menos focado nos números do que era esperado. Um best of do relatório do FMI, das propostas da Plataforma para o Crescimento Sustentável, do Projeto Farol e das intervenções da SEDES dava uma coisa melhor.
JÁ NINGUÉM ACREDITA NO PAPEL DE PORTAS.
O pormenor não é lateral. Ele encerra a compreensão do espírito que preside à coabitação entre PSD e CDS no rescaldo dos destroços do verão passado. Mostra que os dois parceiros continuam a viver em permanente despique, dentro e fora do governo.
E para que não ficassem quaisquer dúvidas, Paulo Portas também referiu ainda, desta vez para Pedro Passos Coelho ouvir, que estas propostas não devem ser confundidas com os cortes que têm sido feitos até agora. Isso: cortes! E esta deve ter doído mais.
2 O pós-troika já começou e tem duas dimensões. Uma é técnica, nacional, tem que ver com a construção de um País sustentável, capaz de se financiar com recurso à sua credibilidade. A outra é política, de sobrevivência pessoal, e joga-se nas inevitáveis eleições que Cavaco Silva colocou na ordem do dia quando propôs um entendimento entre PS e maioria governamental a troco da ida antecipada às urnas, logo depois da presumível saída da troika. Parece que o Presidente já não se lembra, pelo menos a crer nos seus próprios queixumes, mas foi assim que as coisas se passaram.
Paulo Portas, que andou nove meses para dar vida ao guião, teve tempo para pensar em tudo, até nele e no CDS. É por isso que o guião é programático q.b. e muito menos focado nos números do que era esperado. Um best of do relatório do FMI, das propostas da Plataforma para o Crescimento Sustentável, do Projeto Farol e das intervenções da SEDES dava uma coisa melhor.
JÁ NINGUÉM ACREDITA NO PAPEL DE PORTAS.
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