quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

EMBRULHADAS

O actual presidente da Comissão Jurisdicional Federativa do PS-Porto, Emanuel Teixeira, demitiu-se do cargo com duras críticas à forma como os órgãos nacionais e o secretariado distrital do partido resolveram a polémica em torno do pagamento “massivo” de quotas em atraso de milhares de militantes por parte de algumas pessoas de várias concelhias.
A dois dias das eleições nas várias concelhias, Emanuel Teixeira considera que não há condições para a realização de um acto eleitoral “justo, democrático, participativo, livre e regular” e demitiu-se, por não conseguir pactuar com a forma como o problema foi resolvido pela Federação, a mando do Secretariado Nacional do partido. "Estão em causa milhares de euros e muitos militantes”, alerta, frisando que estes factos prejudicam “a boa imagem e o bom nome do PS”. Partido que, aconselha, deveria adiar as eleições para Janeiro ou Fevereiro. Este pedido foi secundado nesta quinta-feira ontem por um dos candidatos ao PS-Matosinhos, Joaquim Gonçalves.
Numa carta enviada aos militantes do distrito, Emanuel Teixeira assinala que os pagamentos anómalos das últimas semanas, entregues na secretaria da Federação Distrital, eram respeitantes a militantes das concelhias de Matosinhos, Porto, Maia, Amarante e Penafiel, entre outras. “Com a agravante, nestes últimos casos, de o pagamento não ter sido realizado por militantes locais, mas sim de outra concelhia e com cheques de elementos da mesma família. O que é deveras grave”, comenta. Além disso, nota, “apurou-se que este procedimento de pagamento de quotas na secretaria era aceite pelos funcionários - porque estes tinham recebido instruções nesse sentido, de dirigentes nacionais e federativos responsáveis por tal matéria – à revelia do plasmado no Regulamento das Quotas”.
Tendo em conta estes factos, o órgão liderado por Emanuel Teixeira considerou os pagamentos irregulares. Mas, assinala o responsável demissionário, o Secretariado Nacional delegou competências no Secretariado da Federação Distrital do Porto e este, através do respectivo responsável na matéria, solicitou “àqueles que haviam efectuado tais pagamentos, uma declaração, no prazo de 24h, confirmando em como estavam mandatados para aqueles pagamentos”. “Ao invés”, argumenta, de exigir, aos mesmos, “declarações individuais dos militantes, comprovando em como estes os haviam mandatado para realizar os ditos pagamentos”.
Demitindo-se para preservar a “sua honra”, o ex-dirigente do conselho de jurisdição considera que estes episódios “agravam a descredibilização dos partidos, seus dirigentes e, em última instância, da democracia. E diz que, como presidente da CFJ, “não pode concordar, nem pactuar, com tal procedimento: que além de reiterar o erro inicial, relativo aos pagamentos, jamais permite apurar, efectiva e realmente, quem pagou o quê, mandatado por quem, e quem mandatou tais pagadores".
Público

(In)tranparências e embrulhadas no PS.


 

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