"Hoje, a globalização não está a funcionar para muitos dos pobres do mundo. Não está a funcionar para o ambiente. Não está a funcionar para a estabilidade da economia mundial. A transição do comunismo para a economia de mercado foi tão mal gerida que, com excepção da China, do Vietname e de alguns países da Europa de Leste, a pobreza aumentou e os rendimentos diminuíram.
Para alguns, a resposta é simples: abandonemos a globalização. O que não é exequível nem desejável. Como referi no primeiro capítulo, a também trouxe enormes vantagens. A ela se deve o sucesso da Ásia Oriental, sobretudo as oportunidades comerciais, e o maior acesso aos mercados e às tecnologias. A Globalização trouxe melhor saúde, assim como uma sociedade civil activa à escala mundial, lutando por mais democracia e mais justiça social. O problema não está na Globalização, mas na maneira como tem sido gerida. O problema reside em parte nas instituições económicas internacionais, o FMI, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio, que ajudam a definir as regras do jogo. E, muitas vezes, serviram os interesses dos países industrializados mais avançados - e não os do mundo em desenvolvimento. Não só agiram em função destes interesses, como muitas vezes abordaram a globalização com uma estreiteza de espírito ditada por uma visão muito particular da economia e da sociedade.
A necessidade de uma reforma é palpável."
Quando um especialista em economia, Joseph E. Stiglitz, Prémio Nobel da Economia 2001, que pertenceu ao gabinete do ex-presidente Clinton, e chefiou o respectico Conselho de Consultores Económicos, fala assim. Foi também um dos vice-presidentes e principais economistas do Banco Mundial e é professor da Universidade de Colúmbia (Estados Unidos).
(In Globalização A Grande Desilusão da Editora Terramar).
Perante este dilema temos de reflectir e agir antes que seja tarde.
Carlos Pinto
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