A oportunidade de abrir a discussão ao futuro tratado europeu, foi percebida pelo Clube de Política 4ª. Dimensão, que no dia 22 de Junho realizou uma conferência de alto nível sobre o tema.
Como já informamos em posts anteriores a sessão decorreu muito bem e os três conferencistas sabem do que falam e têm ideias próprias.
Os professores Alessandra Silveira, José Adelino Maltez e Paulo Ferreira da Cunha, apresentaram e trataram questões que interessaram os presentes.
A discussão foi aberta sem limitações e com total abertura.
Foi feita uma breve síntese sobre a história da formação da UE e seu desenvolvimento, abordado o futuro e o seu alargamento e o tempo e o modo como ele se irá verificar.
Não há alternativa à UE.
A questão de discutir agora a soberania de Portugal é uma invenção dos soberanistas como Paulo Portas e outros que tais.
O referendo foi também debatido e aceite por todos com algumas nuances.
Mas o que mais se salientou foi que a discussão tem de ser feita, não agora à volta do referendo, mas sobre o que foi para já acordado na última reunião e o que se for verificando no decorrer da Presidência Portuguesa.
É importante que os portugueses sejam informados e que se cumpram as regras básicas da Democracia. Um POVO informado é POVO avisado.
Arranjar agora argumentos para não se colocar ao POVO a questão do tratado que vier a ser ratificado pelos chefes de governo, não me parece que seja uma saída democrática e com transparência. O senhor Presidente da República tem todo o direito de manifestar a sua opinião, mas os partidos políticos como o PS e o PSD que defenderam o referendo em campanha eleitoral, irão mal se tentarem voltar atrás e dar o dito pelo não dito. Como são os dois partidos do chamado arco de governo, têm obrigações acrescidas de esclarecer e de submeter a referendo o tratado. Se o não fizerem é mais uma machadada séria na Democracia e no cumprimento das promessas eleitorais.
Não podemos alinhar nos arautos da desgraça e nos que se querem aproveitar agora, à boleia do referendo, ganhar pontos e atacar a governação. Não é isso que está em causa e confundir os eleitores como hoje ouvi na Opinião Pública da SICnoticias o Dr. Pacheco Pereira com tratamento preferencial, com direito a fotografia e sem tempo limiteO ex- Ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz , não foi feliz com alguns argumentos, que podem contribuir contribuir para o não esclarecimento e para abrir uma guerra de partidos, que sabe-se como começa e não se sabe como pode acabar. Ressalvo no entanto as palavras de Martins da Cruz que com a experiência de um diplomata alertou Marques Mendes para o oportunismo da exigência do referendo, que só pode fragilizar a Presidência Portuguesa. É a divisão profunda no PSD ou a voz esclarecida de alguém que diz que este tratado simplificado é assim para que a França, a Holanda e o Reino Unido não sejam confrontados com o voto popular.
A Europa é um assunto sério de mais para se fazer politiquice e ser usada como arma de arremesso. Andou mal Marques Mendes porque se estivesse no governo não tinha de certeza esta oposição de puro oportunismo político. Mas tem seguidores como o Dr.Pacheco Pereira que aproveita sempre para bater em Sócrates, no governo e no PS. Problemas de consciência?
Pela nossa parte, o Clube 4ª. Dimensão quando o achar oportuno voltará a apresentar o tema num registo diferente e mais actualizado.
Mas é importante salientar que a conferência foi muito importante e que alguma coisa foi já discutida com base nos conhecimentos que iam chegando. Os convidados estiveram como se previa muito para além do desejado. Clareza de análise, transparência de propostas e realismo nas ideias. Assim vale a pena discutir política, parafraseando o meu amigo Professor Paulo Ferreira da Cunha, a quem aproveito para agradecer a grande lição que nos deu.
Carlos Pinto
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