domingo, 29 de julho de 2007

Ainda as Juntas Médicas

O artigo do Público (de hoje), de Paula Torres de Carvalho, é extenso, mas vou procurar resumi-lo sem trair o seu sentido:

REFORMA NEGADA EM CINCO MINUTOS E QUATRO LINHAS
MAG (identificada na peça), de 57 anos, licenciada em Administração e Antropologia, assessora principal da Direcção-Geral de Energia, com 37 anos e meio de descontos para a CGA, teve a infelicidade de ser surprendida, em Maio de 2003, com um diagnóstico de cancto nos intestinos. Após uma cirurgia de urgência, em Junho do mesmo ano, fez quimioterapia e radioterapia ao longo de sete meses. Antes de fazer a quimioterapia uma junta médica da Administração Regional de Saúde perante a qual compareceu, considerou que tinha uma incapacidade permanente global de 85 por cento. A 25 de Julho de 2006, MAG decidiu requerer a aua aposentação. A observação pela junta médica foi marcada para finais de Dezembro, cinco meses depois de o pedido ter sido apresentado. O que lá se passou é assim descrito por MAG: "Entrei com um saco cheio de exames, cumprimentei e estendi a mão a um dos médicos. Mas a minha mão ficou no ar e, como resposta, só ouvi: 'Sente-se' (...)'Com essas habilitações e com esse aspecto, não quer trabalhar?'" (...)"sensível como me sentia, comecei a chorar". A observação "não deve ter demorado cinco minutos." "No final, estava chocada e desorientada que não encontrava a porta de saída. E perguntei como é que saía". 'Por onde entrou', foi a resposta.
(...) no dia 9 de Janeiro deste ano, MAG recebeu o despacho da direcção da CGA indeferindo o seu pedido. MAG requereu uma junta médica de revisão, juntando os relatórios do seu médico. Questionado pelo jornal, o médico-chefe, informa que, na sua opinião, "o dr. Gil [médico da doente], apesar de internista e oncologista, tem da lei que se aplica à aposentação por doença oncológica uma interpretação errada e clínica e socialmente desaquada". E acrescenta aquele médico-chefe: "cabe-mos a nós, que temos de apoiar o doente e de promover a sua adaptação crítica aos particulares desta vida, tentar a sua adequação ao quotidiano(...)". O médico da doente submeteu o parecer do médico-chefe ao colégio da especialidade de oncologia da Ordem para que seja avaliada a conduta de [médico-chefe].

Por mim, não faço comentários, salvo o de estas situações se repetirem em demasia; e que as alterações introduzidas recentemente evitem situações como a descrita.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ribeiro da Cunha:

Cada vez que tenho conhecimento de casos destes fico em estado de choque.
Há médicos que que erraram a profissão.
Este caso é de arrepiar. Não podem voltar a acontecer.