GUINÉ-BISSAU, prara onde vais?

Do Público de hoje, assinado por Ana Dias Cordeiro:
"Guiné-Bissau, o primeiro narco-Estado de África", em título de 2ª. página.
Depois:
"Nas últimas semanas, activistas e jornalistas, que denunciaram a suposta conivência de figuras do poder com este tráfico, foram ameaçados. Magistrados sofreram pressões para não investigar pessoas envolvidas nos negócios".
Mais adiante:
"No quinto país mais pobre do mundo, segundo a ONU, circula muito dinheiro. Longe de ser em benefício das populações. Estas habituaram-se a ver passar carros de alta gama nas ruas de Bissau, onde se erguem mansões de figuras ligadas ao Governo que enriquecem rapidamente.
Todos desconfiam, quase todos têm a certeza: se o país está a ser classificado como o primeiro narco-Estado de África não é apenas porque a Guiné-Bissau partilha algumas características dos chamados Estados-falhados; é também porque pessoas bem colocadas no topo da hierarquia do Estado são cumplices e beneficiam desse tráfico. As que se opõem são ameaçadas - entre activistas, jornalistas ou funcionários do aparelho de Estado que tentam denunciar o que se passa".
António Mazziteli, responsável da Agência das Nações contra a Droga e o Crime para a África Ocidental, baseada em Dacar, no Senegal, afirma, estre outras coisas:
"Há indivíduos em altos cargos que aproveitam a situação e enriquecem. O Estado é cada vez mais fraco e estes indivíduos, em posições de responsabilidade, tiram partido disso. É a própria sobrevivência da Guiné enquanto Estado que está em risco".
Interrogo-me: para onde caminha a Guiné-Bissau? Que diferença de Cabo Verde, que, sendo um país pobre de recursos naturais (salvo o mar), conseguiu "dar o salto" e pretende, hoje, uma relação especial com a União Europeia! Por que não olham os políticos da Guiné-Bissau para os seus vizinhos de Cabo Verde? Cabo Verde é, hoje, um país respeitado pela comunidade internacional, enquanto a Guiné-Bissau está em vias de passar a pária. Que tristeza profunda isto me causa...