Suspeitas de corrupção abalam governo de Rajoy
Pedro Duarte31/01/13
Responsáveis do PP no governo receberam durante anos montantes provenientes de uma alegada conta financiada por empresários.
O governo espanhol está a enfrentar um terramoto político, depois do jornal ‘El País' ter hoje publicado fotografias do alegado registo secreto mantido desde 1990 pelos tesoureiros do Partido Popular (PP), Rosendo Naseiro, Álvaro Lapuerta e Luís Bárcenas, o qual indica que os secretários-gerais e os vice-secretários do partido, incluindo os depois primeiros-ministros Mariano Rajoy e Luís Maria Aznar, receberam desde 1997 quantias que alegadamente seriam provenientes de um ‘saco azul' obtido a partir dos donativos de empresários ao PP.
Segundo explica o jornal, durante muitos anos uma parte dos donativos entregues ao partido eram transferidos para uma conta no Banco de Vitoria (mais tarde absorvido pelo Banesto), sendo depois distribuídos em períodos regulares aos altos cargos do PP.
O periódico sublinha que o facto de apenas uma parte dos donativos terem sido transferidos para esta conta em particular levanta a possibilidade de o PP ter levado a cabo financiamentos irregulares. Isto se estes montantes não foram declarados às Finanças.
Em reacção, a secretária-geral do PP, Maria Dolores de Cospedal, realizou hoje uma conferência de imprensa onde negou categoricamente a recepção de pagamentos provenientes de contas secretas.
"A contabilidade do Partido Popular é única e limpa", disse a responsável, reiterando que o partido leva a cabo "o maior exercício de transparência fiscal" jamais realizado por uma formação política, indo "apresentar todas as declarações ao Fisco". Reiterando que as alegações do jornal "não correspondem com a contabilidade do partido", Cospedal diz que as intenções do jornal têm apenas como objectivo - "prejudicar o PP, os seus dirigentes e o primeiro-ministro" -, tendo prometido avançar com processos legais contra esta tentativa de difamação.
Já o secretário-geral do PSOE, Alfredo Rubalcaba, respondeu logo a seguir exigindo que Rajoy dê explicações perante o parlamento, tendo em conta a gravidade de "um caso de corrupção que afecta o primeiro-ministro. E não é uma corrupção qualquer, estamos perante um caso de corrupção que afecta vários governos regionais, freguesias, o PP e até mesmo o governo de Espanha". Nos media sociais espanhóis, está já em marcha uma recolha massiva de assinaturas para exigir a demissão do executivo e a saída das altas cúpulas do PP.
Dinheiro para despesas particulares
Os documentos publicados pelo ‘El País' englobam os anos de 1990 a 2008 (embora estejam ausentes os dados relativos aos anos de 1993 a 1996). Em particular a partir de 1997, os papéis indicam que os pagamentos se tornaram regulares a todos os altos cargos do PP, incluindo Rajoy, Rodrigo Rato, Javier Arenas e a própria Dolores de Cospedal.
Nesse ano, o actual primeiro-ministro surge nas folhas de contabilidade de Bárcenas como tendo recebido 2,1 milhões de pesetas por semestre (cerca de 12.600 euros), mais tarde transformados em 1,05 milhões de pesetas por trimestre.
A partir de 2002, estas transferências passam a ser em euros, mantendo sempre o valor de 25.200 euros por ano. Para além destes pagamentos, também há registo de entregas de 5.700 euros para ‘Fatos Mariano', ou para ‘Roupas Rajoy'.
Quantias mais elevadas são marcadas para outras figuras do PP, como a Pedro Arriola, um dos principais assessores dos líderes deste partido, que recebeu valores que variam entre os 100.000 e os 160.000 euros.
Entre os empresários que realizaram donativos para esta possível ‘contabilidade alternativa' do PP - numa média de 500 mil euros opor ano - contam-se grandes figuras do sector da Construção, como o ex-presidente do grupo Sacyr, Luis del Rivero, ou Juan Miguel Vir, presidente da OHL, bem como Antonio Pinal (presidente da Bruesa) e muitos outros.
Também surgem nos documentos os nomes de empresários ligados a outro escândalo de corrupção no país (o ‘caso Gürtel' de tráfico de influências), como Pablo Crespo e Alfonso García Ponzuelo, da Construtora Hispânica, ou Juan Gotino.
Todos os empresários negam ter efectuado qualquer um dos donativos que aparecem nas contas do ex-tesoureiro Bárcenas, enquanto os políticos do PP envolvidos também negam a recepção de quantias ilegais.
A excepção vai para o presidente do Senado, Pio Escudero, que admitiu ter recebido cerca de oito mil euros - uma transferência que aparece nos papéis divulgados pelo ‘El País' -, mas adiantou que os devolveu mais tarde em prestações.
Este escândalo está a causar grande ira entre a população espanhola e ameaça a viabilidade do governo de Mariano Rajoy, uma vez que demonstra que os políticos do governo, empenhados numa política de contenção orçamental que assenta na redução dos vencimentos dos trabalhadores, no fecho de serviços públicos, incluindo hospitais e no corte ao Estado Social, estariam por outro lado a receber dinheiro de outras fontes que não as declaradas, não sofrendo por isso os efeitos da austeridade que apregoam.
O governo espanhol está a enfrentar um terramoto político, depois do jornal ‘El País' ter hoje publicado fotografias do alegado registo secreto mantido desde 1990 pelos tesoureiros do Partido Popular (PP), Rosendo Naseiro, Álvaro Lapuerta e Luís Bárcenas, o qual indica que os secretários-gerais e os vice-secretários do partido, incluindo os depois primeiros-ministros Mariano Rajoy e Luís Maria Aznar, receberam desde 1997 quantias que alegadamente seriam provenientes de um ‘saco azul' obtido a partir dos donativos de empresários ao PP.
Segundo explica o jornal, durante muitos anos uma parte dos donativos entregues ao partido eram transferidos para uma conta no Banco de Vitoria (mais tarde absorvido pelo Banesto), sendo depois distribuídos em períodos regulares aos altos cargos do PP.
O periódico sublinha que o facto de apenas uma parte dos donativos terem sido transferidos para esta conta em particular levanta a possibilidade de o PP ter levado a cabo financiamentos irregulares. Isto se estes montantes não foram declarados às Finanças.
Em reacção, a secretária-geral do PP, Maria Dolores de Cospedal, realizou hoje uma conferência de imprensa onde negou categoricamente a recepção de pagamentos provenientes de contas secretas.
"A contabilidade do Partido Popular é única e limpa", disse a responsável, reiterando que o partido leva a cabo "o maior exercício de transparência fiscal" jamais realizado por uma formação política, indo "apresentar todas as declarações ao Fisco". Reiterando que as alegações do jornal "não correspondem com a contabilidade do partido", Cospedal diz que as intenções do jornal têm apenas como objectivo - "prejudicar o PP, os seus dirigentes e o primeiro-ministro" -, tendo prometido avançar com processos legais contra esta tentativa de difamação.
Já o secretário-geral do PSOE, Alfredo Rubalcaba, respondeu logo a seguir exigindo que Rajoy dê explicações perante o parlamento, tendo em conta a gravidade de "um caso de corrupção que afecta o primeiro-ministro. E não é uma corrupção qualquer, estamos perante um caso de corrupção que afecta vários governos regionais, freguesias, o PP e até mesmo o governo de Espanha". Nos media sociais espanhóis, está já em marcha uma recolha massiva de assinaturas para exigir a demissão do executivo e a saída das altas cúpulas do PP.
Dinheiro para despesas particulares
Os documentos publicados pelo ‘El País' englobam os anos de 1990 a 2008 (embora estejam ausentes os dados relativos aos anos de 1993 a 1996). Em particular a partir de 1997, os papéis indicam que os pagamentos se tornaram regulares a todos os altos cargos do PP, incluindo Rajoy, Rodrigo Rato, Javier Arenas e a própria Dolores de Cospedal.
Nesse ano, o actual primeiro-ministro surge nas folhas de contabilidade de Bárcenas como tendo recebido 2,1 milhões de pesetas por semestre (cerca de 12.600 euros), mais tarde transformados em 1,05 milhões de pesetas por trimestre.
A partir de 2002, estas transferências passam a ser em euros, mantendo sempre o valor de 25.200 euros por ano. Para além destes pagamentos, também há registo de entregas de 5.700 euros para ‘Fatos Mariano', ou para ‘Roupas Rajoy'.
Quantias mais elevadas são marcadas para outras figuras do PP, como a Pedro Arriola, um dos principais assessores dos líderes deste partido, que recebeu valores que variam entre os 100.000 e os 160.000 euros.
Entre os empresários que realizaram donativos para esta possível ‘contabilidade alternativa' do PP - numa média de 500 mil euros opor ano - contam-se grandes figuras do sector da Construção, como o ex-presidente do grupo Sacyr, Luis del Rivero, ou Juan Miguel Vir, presidente da OHL, bem como Antonio Pinal (presidente da Bruesa) e muitos outros.
Também surgem nos documentos os nomes de empresários ligados a outro escândalo de corrupção no país (o ‘caso Gürtel' de tráfico de influências), como Pablo Crespo e Alfonso García Ponzuelo, da Construtora Hispânica, ou Juan Gotino.
Todos os empresários negam ter efectuado qualquer um dos donativos que aparecem nas contas do ex-tesoureiro Bárcenas, enquanto os políticos do PP envolvidos também negam a recepção de quantias ilegais.
A excepção vai para o presidente do Senado, Pio Escudero, que admitiu ter recebido cerca de oito mil euros - uma transferência que aparece nos papéis divulgados pelo ‘El País' -, mas adiantou que os devolveu mais tarde em prestações.
Este escândalo está a causar grande ira entre a população espanhola e ameaça a viabilidade do governo de Mariano Rajoy, uma vez que demonstra que os políticos do governo, empenhados numa política de contenção orçamental que assenta na redução dos vencimentos dos trabalhadores, no fecho de serviços públicos, incluindo hospitais e no corte ao Estado Social, estariam por outro lado a receber dinheiro de outras fontes que não as declaradas, não sofrendo por isso os efeitos da austeridade que apregoam.
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