segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Governo negociou swaps com bancosque ajudaram Portugal a regressar aos mercados
Cinco dos bancos que ajudaram Portugal a vender as duas emissões de dívida de longo prazo realizadas este ano estão entre as instituições financeiras que negociaram com o Estado o fim antecipado dos contratos de gestão de risco financeiro (swap) das empresas públicas.
No total, os nove bancos que aceitaram uma solução negociada dos seus contratos swap com empresas públicas receberam 1029 milhões de euros, de acordo com a lista enviada à comissão parlamentar de inquérito aos instrumentos de gestão de risco financeiro.
Na lista estão Barclays, Deutsche Bank, Goldman Sachs, Société Générale e Morgan Stanley, que receberam um valor total de cerca de 434 milhões de euros pelo acordo que antecipou o fim dos contratos de risco com empresas do Estado. Estes cinco bancos estiveram nas equipas que montaram e colocaram a dívida de longo prazo nas duas emissões de Obrigações do Tesouro, realizadas este ano no montante de 5,5 mil milhões de euros, e que permitiram ao governo proclamar o regresso de Portugal aos mercados financeiros.
Os contratos negociados com estes bancos eram qualificados de alto risco e representavam perdas potenciais para as empresas, com base no seu actual valor de mercado, de 604 milhões de euros, caso fossem anulados sem negociação. A ameaça chegou a ser feita por alguns bancos.
Na última audição no Parlamento, a ministra das Finanças reconheceu: "Muitos, a maior parte dos bancos com que tivemos esta negociação dura para conseguir estas poupanças, são os mesmos bancos que ajudam a República no regresso aos mercados." Na primeira audição, Maria Luís Albuquerque sublinhou outro "impacto favorável" do acordo. Ao reduzir a exposição às empresas públicas os bancos ganham margem para comprar dívida pública.
Desde final do ano passado que dois temas evoluem em paralelo e a ligação já foi várias vezes assumida. No relatório que entregou no início do ano com a estratégia para a gestão de derivados das empresas, o Instituto de Gestão da Dívida Pública (IGCP) defendia a via negocial, e não o recurso aos tribunais, para alcançar "a melhor solução possível para os interesses das empresas públicas, minimizando eventuais impactos reputacionais para a República e acautelando, tanto quanto possível, o relacionamento com os bancos (tendo em conta o seu papel no regresso aos mercados)".
Ao mesmo tempo que negociava os swaps, Portugal colocava 2,5 mil milhões de euros em obrigações a cinco anos. Foi uma emissão sindicada, ou seja, com a tomada firme por parte da banca, que assim assume os títulos que não conseguir vender. A operação foi colocada pelo BES e os bancos internacionais Barclays, Deutsche Bank e Morgan Stanley, que à data tinham swaps com empresas públicas.
Em Abril, a então secretária de Estado do Tesouro anuncia acordo com a maioria dos bancos que tinham vendido swaps de alto risco. O Santander é, até agora, a excepção. Em Maio, Portugal lança uma nova emissão de dívida, a dez anos e coloca 3 mil milhões de euros. Na operação colaboraram seis bancos, entre eles a Société Générale e o Goldman Sachs, com que já havia acordo nos swaps.
A anulação de 69 contratos permite reduzir as perdas potenciais em 500 milhões. Os bancos receberam 1028 milhões de euros das empresas públicas - parte do valor foi avançado pelo Tesouro. No futuro, diz o governo, vão pagar menos juros.
A banca aceitou fazer um desconto face ao valor negativo de mercado, que oscilou entre 20% e 50%. Se é certo que os bancos também pagaram (839 milhões) pelo fim dos swaps que tinham com o IGCP, conseguiram tirar do balanço operações de alto risco que consomem capital

ISTO TEM DE SER MAIS EXPLICADO.

Sem comentários: