Duas notas tristes, para nós
O desemprego cresceu muito mais do que o previsto no quarto trimestre de 2012
- e o único comentário do PM, Passos Coelho, foi dizer que em 2013 ia crescer
mais. Que falta de humanidade!
Por outro lado, arrasta-se, para além do razoável a grave omissão dos poderes
públicos (todos) no que toca à questão da duração dos mandatos autárquicos.
Faz-se uma lei, supostamente muito moralizadora, que vem redigida de tal forma
que não permite a qualquer jurista interpretá-la correctamente. Anunciam-se
interpretações diferentes por parte dos dois maiores partidos. Que fazem estes?
Propor e aprovar, quanto antes, uma "lei interpretativa" (como tem sido sugerido
de todos os quadrantes)? Não. Os poderes públicos estão em silêncio. E não
percebem que vão ficar muito mal na fotografia, mesmo que imaginem um fotógrafo
a dizer-lhes: "Agora quietos. Não se mexam. Sorriam apenas!"
Querem atirar a interpretação da lei para os tribunais, assim contrariando a
sua própria tese de que não se deve "judicializar a política". Mas que
interpretação podem dar os juízes a uma lei feita de propósito para não exprimir
a vontade inequívoca do legislador? Darão, provavelmente, decisões divergentes.
Mas alguém pensará que haverá então tempo razoável para se obter um acórdão de
"uniformização da jurisprudência"? Santa ingenuidade...
Porque não aproveita o Presidente da República ou, se ele não o quiser fazer,
o provedor de Justiça para requerer desde já ao Tribunal Constitucional a
declaração da existência, na lei referida, de uma "inconstitucionalidade por
omissão"? (Freitas do Amaral)
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